Abaixo-assinado expõe contrariedade com a mudança dos papeleiros

Moradores do Jardim do Cedro começaram a distribuir os documentos hoje. Pedem que a Prefeitura de Lajeado indique outro local.


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Moradores foram ao local na tarde desta terça-feira, para conferir o espaço (Fotos: Natalia Ribeiro)

Contrários com a possibilidade de mudança dos papeleiros para um terreno da Prefeitura de Lajeado, na divisa dos bairros Jardim do Cedro e Santo Antônio, munícipes organizados pela Associação dos Moradores do Bairro Jardim do Cedro colocaram nas ruas um abaixo-assinado que pede outro local para os recicladores. O documento foi disponibilizado nesta terça-feira (11). A estimativa é reunir cerca de mil assinaturas de pessoas contrárias ao projeto do Executivo.

O Termo de audiência foi firmado na última sexta-feira (07) entre o prefeito de Lajeado Marcelo Caumo (PP), o promotor de Justiça Especializada da Comarca de Lajeado, Sérgio da Fonseca Diefenbach, moradores e o advogado da comunidade, Marco Mejía, bem como a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR). Uma das reclamações da comunidade é a falta de diálogo no caso. “Ninguém sabia, todo mundo ficou sabendo pelo rádio ou pelo jornal, apenas. A Prefeitura não falou com ninguém”, comenta Mateus Lima, 33 anos, que mora nas imediações da área indicada pela administração municipal.

Há mais de uma década que os papeleiros vivem às margens da ERS-130, em Lajeado, no Km 70. As tratativas para a remoção começaram há alguns meses, tendo desfecho final na semana passada. Acerca da decisão, o prefeito Caumo afirma que inexiste a possibilidade de retrocesso. “É uma área em que o Poder Público tem de intervir, porque se não intervir vamos receber um processo de ocupação irregular, que já vem ocorrendo nas imediações”.

Mesmo com a afirmação do chefe do Executivo, que inclusive foi proferida aos moradores durante reunião no Gabinete, na tarde desta segunda-feira (10), a presidente da Associação dos Moradores do Bairro Jardim do Cedro, Salete Maria da Silva, garante que a comunidade não desistirá de lutar pela desistência da Prefeitura. “A gente vai tentar, vai fazer o que pode com a ajuda dos moradores”.

Motivação

Conforme Salete, o problema não é a moradia, mas sim os materiais que devem ser aglomerados pelos papeleiros. A Prefeitura se comprometeu a construir dez casas e um pavilhão para os resíduos. “As moradias nada a ver, né. A gente só se preocupa com isso porque não queremos que eles tragam o lixão para cá”, diz a presidente.

A fala da responsável é endossada por Fabiano Trindade Silva, 41 anos, que mora no Jardim do Cedro. “Quem mais vai ser prejudicado, além dos moradores dos arredores, vai ser a parte indígena, não só com lixo, mas com infestação de insetos e doenças. Tem muitas crianças que, por serem indígenas, andam com os pés descalços, e então vão ser muito prejudicados”, pontua.

Topografia do terreno foi realizada na tarde desta terça-feira, por empresa contratada pela Prefeitura de Lajeado

Infestação de animais, presença de ratos e baratas, entre outros bichos, são alguns dos temores da comunidade. De acordo com o prefeito, a área destinada está localizada no Santo Antônio e não no Jardim do Cedro. No bairro dos reclamantes, contudo, tem início a demarcação do terreno, com cerca de arame farpado. É nesse espaço que a administração tem outro projeto.

“Com o ingresso das famílias que trabalham com reciclagem, a gente inicia a execução do loteamento popular com a abertura de ruas, extenção das redes de água e luz, e uma ocupação, então, ordenada do território, o que eu acredito que trará mais benefícios, muito mais benefícios, que prejuízos para aquela comunidade”, argumenta Caumo. A administração garante que irá monitorar a presença dos recicladores no espaço. Novas alternativas para os índios também são avaliadas.

O que pensam os papeleiros

Na tarde desta terça-feira, o presidente da Cooperativa Sepé Tiarajú, e que representa a comunidade, Adriano Leandro Rodrigues, esteve em Porto Alegre participando de reunião com recicladores. Ao Grupo Independente, ele contou que recebeu o apoio dos amigos, uma rede de classe em todo o Rio Grande do Sul.

“Se o prefeito der para trás, aí teremos apoio de um líder de catadores no estado, que tem cerca de cem subordinados e que seriam colocados dentro do município, bem como dos vales do Taquari e do Rio Pardo para dar apoio, com manifestação”, comenta. Rodrigues pretendia ir na sessão da Câmara de Vereadores de hoje, para discutir o tema, visto que os moradores se fariam presentes.

O papeleiro acabou recuando da pretensão. “Como é um direito deles, de não querer nós lá, então um dos líderes meus disse que assim como eu tive várias reuniões com o prefeito e com os secretários, achou por bem de eu não me manifestar hoje junto com o povo do Jardim do Cedro, que é para eles terem o mesmo direito que eu tive, de colocar a minha ideia”. A topografia do terreno deve ser finalizada em breve e a previsão é que a mudança ocorra até 17 de dezembro. NR

Relembre:

Papeleiros serão transferidos da ERS-130 para área próxima de aldeia em Lajeado

 

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