Morre mulher que descobriu câncer avançado dois meses após exame ter resultado negativo em Pelotas

Família decidiu entrar com uma ação indenizatória contra a prefeitura e o laboratório, que já é investigado pelo MP.


0
Foto: Reprodução

Familiares sepultaram no fim de semana, em Pelotas, na metade Sul, Emanuelle Machado da Silva, de 33 anos. Ela morreu na última sexta, vítima de câncer. A doença foi descoberta dois meses após um exame ter apontado resultado negativo em Pelotas, na Região Sul do Rio Grande do Sul. O laboratório Serviço Especializado de Ginecologia (SEG), que havia feito a análise, está sendo investigado por uma suspeita de fraude.

Em julho de 2015, Emanuele procurou uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Pelotas para fazer o Papanicolau, o exame que detecta o câncer de colo do útero. Ela queria descobrir a causa de sangramentos e dores abdominais.

A amostra analisada pelo laboratório SEG, que tinha convênio com a prefeitura há quase 20 anos, voltou com o resultado negativo para câncer. Mas, como as dores não passavam, dois meses depois, Emanuele voltou à UBS. No exame presencial, o médico desconfiou que ela poderia estar com a doença. Na rede privada, os exames apresentaram lesões de grau quatro e comprovaram um tumor maligno.

Pelo exame, o câncer já havia se espalhado para o rim esquerdo e a uretra. “Segundo os médicos não havia mais o que fazer, apenas cuidados paliativos. Emanuelle deixou um filho de 15 anos. A intenção da família é processar tanto a prefeitura como o Serviço Especializado de Ginecologia, laboratório terceirizado que fazia a análises dos exames. A advogada Samira Pereira representa a família da Emanuelle.

De acordo com o ginecologista Mário Ivan, a chance de detectar um câncer de colo do útero em estado avançado, que tenha se desenvolvido em poucos meses, é muito pequena. “O câncer de colo, quanto mais precocemente se detectar, até as lesões iniciais que só alteram o padrão celular, melhor. Porque se existe um câncer que cura é o de colo uterino”, explica o ginecologista.

O laboratório, que foi descredenciado e está sendo investigado pelo Ministério Público, nega as acusações de fraude nos resultados. Foram recolhidas 17 mil amostras que estavam armazenadas, mas ainda não foram refeitas. Enquanto isso, as coletas de Pelotas estão sendo analisadas por um laboratório contratado emergencialmente.

Além de Pelotas, o laboratório investigado também realizava análises de exames de outras nove cidades: Turuçu, Arroio Grande, Herval, Piratini, Amaral Ferrador, Cerrito, Morro Redondo, Chuí e São José do Norte.

Fonte: Rádio Guaíba/G1

DEIXE UMA RESPOSTA

Digite seu comentário!
Por favor, coloque o seu nome aqui