O Futebol e a Guerra


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Imagem ilustrativa

Desde os primórdios o futebol foi tratado como uma guerra. A luta incessante para colocar a bola dentro da baliza adversária. E isso perdura desde o século XVII, quando os códigos do futebol começaram a se unificar, para tornar o esporte menos aguerrido e violento.

O Futebol Escolar (veja só a ironia), foi um dos primeiros códigos futebolísticos identificados na história, no Reino Unido, que ficou extinguido por decreto do Rei Eduardo III por 500 anos, por este entender ser um desporto não-cristão. Nesse período sabático do esporte mais popular do mundo, outras alternativas surgiram, como o Rúgbi e o Futebol Americano, por exemplo.

Apesar de o futebol dentro de campo ter ganhado novas regras e evoluído eticamente, a guerra não deixou de ser comparada a ele. O futebol de hoje não é nem de perto o praticado há centenas de anos. Sangue e fraturas eram normais em absolutamente todas as partidas que eram disputadas no passado. Ao contrário, hoje em dia se faz alarde por cada lesão sofrida por um jogador de time grande, principalmente pelos seus diretores e dirigentes. Foi uma grande evolução.

Mesmo que indiretamente, quando escutamos partidas de futebol pelo rádio, somos inseridos em um ambiente de guerra. Claro que nenhum narrador induz o ouvinte a praticar violência, mas ilustra os acontecimentos de campo como se estivesse narrando uma guerra, um combate, que de fato é, só que em outras palavras.

Ao maior conhecedor dos caminhos da grande área, foi dado o apelido de “artilheiro”, sendo que aquele que mais faz gols lidera a “artilharia”. Na guerra, nada mais é do que o melhor “matador”, termo que também é utilizado até hoje para apelidar o atacante fazedor de gols. O artilheiro se utiliza de armas de poder de fogo (bola) para causar a destruição do seu oponente. O goleiro, que por sua vez não se utiliza desse poder de fogo, é um simples “arqueiro”. Englobam-se assim, diversas épocas de guerra. Desde o período imperial até o período mais moderno.

Defesa que é boa, é uma “muralha”, antigamente usada para impedir a entrada de inimigos em uma fortificação. As muralhas começaram a ser construídas sobretudo na idade média. Essa comparação vai além a partir do momento em que podem ser construídas diferentes tipos de muralhas, dependendo do poder de fogo do adversário. Das mais altas defesas, as mais baixas. Velocidade ou imposição física.

Ao longo do tempo também criou-se um título aos movimentos praticados por jogadores que aderem a chutes fortes. Gérson de Oliveira Nunes, foi um grande chutador. Mais conhecido como o “Canhotinha de Ouro”, Gérson não cansava de mandar “bombas” para o fundo das redes, impedindo que qualquer arqueiro ou defensor tivesse a possibilidade de impedir a bola de desviar a sua trajetória certeira. Outro aderente a este estilo, que gostava de programar um “míssil” a cada chute, era Roberto Rivellino, grande nome da década de 70 com a camisa Canarinho. Ele “fuzilava” os goleiros. De vez em quando a bola “explodia” nos adversários, mas quase sempre o “petardo” atingia o seu “alvo”.

Apesar de o futebol ter evoluído dentro de campo, a sua linguagem continua a mesma fora dele. Algo mantido pelos narradores que tentam de uma forma emocionante, a cada lance, ilustrar aquilo que o ouvinte não vê. Ele nada mais é do que um testemunha da história sendo escrita, ou dita. Agora se me perguntarem de onde surgiu o “chuveirinho” ou a “banheira”, infelizmente, não saberei responder. Melhor perguntar ao “capitão”.

Por Wallace Souza

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