Sindicato de Teutônia pede ajuda dos vereadores para combater crise do leite

Lideranças apostam em ações políticas. Na tarde desta sexta-feira (16), agricultores entregaram uma pauta de reivindicações ao Legislativo.


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Presidente do STR de Teutônia, Liane Brackmann, ocupou a mesa diretora para apresentar a pauta. Foto: Natalia Ribeiro

Motivados pelas perdas financeiras ocorridas nos anos de 2016 e 2017, os produtores de leite de Teutônia se engajaram a uma mobilização regional, que pede o auxílio dos governos para reverter o quadro de insegurança econômica. Na tarde desta sexta-feira (16), eles participaram de uma reunião promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município, no Bairro Languiru. Depois, foram até a Câmara de Vereadores solicitar o apoio do Poder Legislativo de Teutônia.


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Nos últimos dois anos, o quadro de produtores de leite sofreu uma queda de 25% em Teutônia. Em 2016, eram 660 pessoas na atividade, sendo que este ano são 490 economias, de acordo com a Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente. Na avaliação da presidente do STR de Teutônia, Liane Brackmann, os dados representam o caos em que o setor está inserido. “Isso é muito preocupante. É muito grave. Deixa de agregar para os municípios e para o comércio local”, pontua.

Como alternativa de enfrentamento à crise, o sindicato elaborou uma pauta de reivindicações, que segue medidas indicadas pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS): intervenção do governo federal, financiamento de estoque e compra de 50 mil toneladas de leite; alongamento de 36 meses e desconto de 20% em empréstimos; crédito emergencial com prazo de 36 meses para o pagamento e 20% de rebate; revisão do preço mínimo de referência do leite; ampliação das vistorias em prol da qualidade do produto; antecipação do pagamento para o quinto dia útil; e elaboração de peças publicitárias sobre o leite.

Liane Brackmann, que fala com os produtores, está à frente do STR de Teutônia há 16 anos. Foto: Natalia Ribeiro

Essa pauta foi levada aos vereadores de Teutônia, que se reuniram na sede do Legislativo, de maneira informal, para receber o documento. O STR pede que a casa elabore uma moção de apoio. “Estamos tentando buscar ações políticas e provocações políticas, para que se criem mecanismos que protejam o nosso produtor de leite”, explica Liane. Cerca de 50 produtores assinaram o pedido, que será avaliado pelo Legislativo.

Municípios serão chamados

Reunião na prefeitura de Lajeado, na manhã desta sexta-feira (16), deu esperanças de apoio pelas administrações municipais da região. Presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), o prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo (PP), recebeu sindicalistas, que apresentaram as demandas da classe. Caumo garantiu que irá mobilizar os gestores para a elaboração de moções de apoio.

A presidente do STR de Teutônia, Liane Brackmann, participou do encontro. Segundo ela, “Caumo concordou que se crie uma moção pública na região”. Mais do que nunca, a política é vista como uma alternativa para a líder sindical. “O que nós queremos é criar um círculo de união de esforços para podermos acender uma luz na cabeça dos nossos políticos que estão em Brasília fazendo as leis”, desabafa.

Presidente da Amvat, Marcelo Caumo garantiu apoio regional à causa do leite. Foto: Reprodução/STR Regional

Também participaram o gerente regional da Emater/RS-Ascar, Marcelo Brandoli, representantes da Comissão do Leite da Regional Sindical, presidente da Associação dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais da região, Marcos Antônio Hinrichsen, presidente e vice-presidente do STR de Arroio do Meio, Astor Klaus e Paulo Grassi, assessoria jurídica da Prefeitura de Arroio do Meio, secretário de Agricultura de Arroio do Meio, Eloir Lohmann e vereador de Lajeado, Ildo Salvi (Rede).

A ideia é formatar o documento até o dia 9 de março, quando ocorrerá a próxima reunião da Amvat. Além da entidade que reúne os prefeitos, a Associação dos Vereadores do Vale do Taquari (Avat) será procurada pela categoria. A regional sindical estima que a região tenha sofrido prejuízos de R$ 250.000.000,00 nos últimos dois anos.

Mudança de rumo

O movimento teve início em 29 de janeiro de 2018, quando o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Arroio do Meio convocou os agricultores para um encontro. Na oportunidade, foi definida a elaboração de um levantamento das perdas e de um decreto de calamidade pública. São cerca de 350 produtores no município.

Cruzeiro do Sul fez reunião semelhante no dia 9 de fevereiro, quando a possibilidade de um decreto também foi avaliada. No entanto, entraves burocráticos fizeram com que sindicalistas desistissem de decretar calamidade pública – o que seria viável apenas em caso de mortes ou desastres naturais. Por isso, a Amvat foi envolvida.

Programação

Além de Arroio do Meio e Cruzeiro do Sul, os municípios de Westfália e Forquetinha já fizeram seus encontros para discutir o tema. Encantado tem reunião marcada para as 14h da próxima segunda-feira (19), na Câmara de Vereadores.

No mesmo dia, ocorrerá audiência pública com o tema “Endividamento agrícola”, em Estrela. A partir das 10h, produtores de diferentes áreas e municípios deverão se encontrar na Câmara de Vereadores. Essa atividade é promovida pelo deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS), que coordena a comissão externa da Câmara dos Deputados para apuração das causas do endividamento no meio rural.

Também na próxima segunda-feira, a partir das 14h, o Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat) promoverá debate na sala 206 do Prédio 11 da Univates. O momento é preparatório para uma reunião estadual e servirá para encaminhamentos e tomada de decisões regionais acerca do tema leite. NR

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