A Cultura é maior do que a Economia

Quando há uma cultura forte, essa cultura acaba moldando o comportamento das pessoas que ali convivem


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Gustavo Bozetti, diretor da Fundação Napoleon Hill e do MasterMind RS (Foto: Tiago Silva)

Na semana passada estivemos em Gramado participando do evento que marcou a retomada dos eventos presenciais em nosso estado. Centenas de pessoas estiveram reunidas com o objetivo de ampliar sua capacidade de empreender e de inovar. Foram dezenas de palestras que ocorreram nos diversos palcos do evento, abordando os mais diversos assuntos. O que mais me chamou a atenção, além de todos os novos protocolos de saúde, foi que os principais palestrantes foram unânimes em dizer que as pessoas estão no centro de tudo e que a construção de cultura é um dos grandes segredos do sucesso empresarial. E isso tem tudo a ver com a cultura da cidade que acolheu o evento. Gramado não é uma cidade estranha para mim faz tempo.

Faz algum tempo que levamos grupos de empresários para conhecer as entranhas da cidade e a sua “cultura européia”. Gramado é uma cidade com, aproximadamente, 36 mil habitantes que possui em torno de 27 mil leitos, entre hotéis e pousadas, e que recebe mais de 6,5 milhões de turistas por ano. A cada ida para Gramado, percebemos que existem novas atrações, fazendo com que os turistas sintam vontade de retornar para Gramado. A cada 100 turistas que pousam no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, mais de 50 têm como destino a cidade de Gramado. Isso significa que menos da metade dos turistas que visitam nosso estado procuram uma das outras 496 cidades do Rio Grande do Sul. O turismo na cidade gera mais de R$ 1,5 bilhão anualmente para a economia local, o que representa mais de 85% do Produto Interno Bruto (PIB). Gramado é apaixonante pois é uma cidade gaúcha que se assemelha às principais cidades turísticas de alguns países da Europa. As pessoas que circulam por Gramado tendem a assumir um padrão de comportamento diferenciado, comprovando que a cultura molda o comportamento das pessoas. Para comprovar isso, basta observar que não encontramos sujeira pelas ruas.

As pessoas não jogam papel pela janela dos veículos e não aceleram o carro para que o papel do estacionamento voe do limpador de pára-brisas. As faixas de pedestres são respeitadas como nas principais cidades turísticas da Europa. As pessoas vestem-se bem, são mais educadas e requintadas, tudo pelo fato de estarem em Gramado. É lógico que não podemos generalizar, mas basta andar por Gramado e observar sua singularidade cultural. Porém, decidi abordar esse tema pois o fato da Cultura ser um dos principais temas, das principais palestras que assistimos no Gramado Summit, demonstra o seu grau de relevância nesse momento. A cultura organizacional está no centro das atenções.

Empresas que conseguem construir e adaptar a sua cultura ao novo cenário econômico que encontramos, são as empresas que colhem os melhores resultados. Mas as empresas inchadas, com pessoas improdutivas, tendem a ser as empresas que mais sofrem nesse contexto. Por quê? Pois é muito mais complexo promover mudanças e transformações exigidas pelo mercado em empresas grandes e lentas, do que em empresas enxutas e ágeis. É como o deslocamento de uma tropa em uma guerra: quanto maior é o exército, mais lenta é a marcha. Se você já viajou com um grupo grande de pessoas, saberá exatamente do que estou falando. É mais complexo produzir esforço organizado quando o grupo de pessoas é muito grande. Porém, existem exceções.

Uma empresa que esteve em destaque neste evento em Gramado foi o Grupo Randon. Daniel Ely, CTO (Chief Transformation Officer) das empresas do grupo, afirma que tudo começa pela cultura. E a história confirma essa sábia afirmação. Empresas, cidades e países que constroem uma cultura próspera, colhem os frutos de uma economia próspera. A inovação sempre está envolvida nesse contexto, principalmente quando mudanças se fazem necessárias. As batalhas pela independência dos Estados Unidos são um exemplo.

Naquela época, há mais de 240 anos, as ranhuras internas dos canos das carabinas nos soldados americanos faziam as balas saírem em espiral, atingindo o dobro da distância das balas das armas dos soldados da Coroa Inglesa. Isso permitia que os americanos pudessem atirar nos ingleses de tal distância que o chumbo inimigo não os atingisse. Porém, no contexto atual, a velocidade das mudanças está cada vez maior e a tecnologia vem ganhando cada vez mais espaço. Nesse cenário, não se adaptar pode ser fatal.

É por este motivo que devemos estar atentos à Cultura, pois ela é a geradora de uma economia forte e consistente. Sempre existe uma cultura. Ou ela é construída da melhor forma, pelas pessoas mais preparadas, ou ela é construída de qualquer forma, por pessoas não tão preparadas assim. Como está a cultura da tua empresa? Você é parte da melhor cultura ou se contenta com qualquer cultura? É uma boa reflexão. Forte abraço e até a vitória, sempre.

Gustavo Bozetti (@gustavobozetti), diretor da Fundação Napoleon Hill e MasterMind RS

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