A ferramenta de hoje pode não ser necessária amanhã 

Praticar o desapego pode ser, também, um livramento 


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Gustavo Bozetti, diretor da Fundação Napoleon Hill e do MasterMind RS (Foto: Tiago Silva)

Um soldado perdeu-se na selva depois de uma longa batalha. Passou dias caminhando em meio a mata fechada, guiando-se pelo sol e pelos astros, enfrentando situações muito adversas, sempre na busca de encontrar quem o resgatasse. Em um determinado momento, se deparou com um grande rio que precisaria atravessar.


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De imediato, começou a construir um barco para fazer a travessia. Depois de muito tempo e esforço, o soldado finalizou o barco, pôs na água e cruzou o rio de margem a margem, vencendo aquela adversidade. Como a travessia foi um sucesso, ele se apegou ao barco que havia feito com tanto capricho e dedicação. Imaginando que pudesse haver outro rio pelo caminho, o soldado pôs o barco nas coisas e seguiu sua viagem em meio à selva, mas na verdade, o apego pelo barco era o fator relevante, porém inconsciente, que fez o soldado carregar o barco. Após longos dias carregando aquele peso nas costas, encontrou um vilarejo e pediu o desejado resgate. O barco que ele havia carregado nunca mais foi utilizado e despedir-se dele foi doloroso. Não lembro exatamente em qual livro li essa história e, infelizmente, não posso citar o autor, mas é uma história que traz grandes reflexões e ensinamentos para todos nós.

No último final de semana, estive na Baixada Santista, litoral paulista, conduzindo um treinamento sobre Códigos Comportamentais. Todos nós temos um “padrão” de comportamento que se repete de forma cíclica em nossas vidas. São “marcas” que ficam na nossa personalidade como se fossem “impressões digitais”. Porém, em um mundo que muda constantemente e cada vez mais rápido, reavaliar estes padrões pode ser um grande diferencial competitivo. É preciso deixar alguns “barcos” de lado para que possamos seguir viagem de maneira mais leve. É preciso entender que algumas características que adquirimos ao longo de nossas vidas foram importantes para superar aquela determinada adversidade, mas que hoje não são mais necessárias. Muitos de nós decidimos ocupar funções nas empresas para podermos atender algumas necessidades básicas, mas nos apaixonamos por aquela função, usando-a como âncora nas nossas vidas. Alguns empreendem por necessidade, mas se apegam em coisas que devem deixar para trás.

Poderíamos sentar em uma roda de conversa e debater por horas e horas sobre os barcos que carregamos em nossas costas, mas que nunca mais serão utilizados. E se, por acaso, surgir outro rio para atravessar? Que se construa um novo barco. Esse, quem sabe, até melhor, maior e mais moderno, que comporte mais soldados, caso seja necessário. O desafio é fazer uma leitura mais sábia e consciente destes aspectos em nossas vidas, para que possamos aproveitar melhor o caminho e a companhia até o nosso destino, já estabelecido. Pense nisso. Forte abraço e até a vitória, sempre.

Gustavo Bozetti (@gustavobozetti), diretor da Fundação Napoleon Hill e MasterMind RS

 

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