A maioria de nós se parece muito mais com os pais do que é capaz perceber

Quantas coisas você faz durante o dia, desde pequenas ações a grandes movimentos, e, que, se pensar bem, tem um ensinamento ou um exemplo da sua mãe ou do seu pai?


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Outro dia, ofereci uma bolacha para minha neta. Tirei direto do saquinho e alcancei na mãozinha. Assim que pegou o doce, a guria foi direto no compartimento da despensa onde estão os potes de plástico, abriu a portinha e fez sinal de que não tinha o que estava procurando. Entendi depois que queria um vidro. Minha nora costuma acondicionar as bolachas ou doces caseiros em vidros. Vejam só: com apenas dois anos, a menina já tinha assimilado como devem ser guardadas as bolachas e que o jeito da casa dela é o certo.

A maioria de nós se parece muito mais com os pais do que é capaz de se dar conta. Isso vale para comportamentos positivos e negativos. Quantas coisas você faz durante o dia, desde pequenas ações a grandes movimentos, e, que, se pensar bem, tem um ensinamento ou um exemplo da sua mãe ou do seu pai? A questão é que a criança é muito influenciada por seus pais. Se pensarmos em repetições negativas, por exemplo, em relacionamentos onde o homem é um pai violento, a tendência é que os filhos homens se tornem parecidos, e as filhas, muitas vezes, acabam se casando com pessoas violentas. Quando a mãe é muito autoritária em casa, há chance de os filhos se casarem com mulheres que tenham esse perfil, e as filhas se tornarem esposas parecidas com a mãe. Afinal, foi a referência de família que tiveram. Deixo claro, não é uma regra, mas uma possibilidade.

Um exemplo é a história que ouvi certa vez. A esposa sempre desvalorizava o pai diante dos filhos. Dizia que ele era acomodado, lerdo e passivo. A filha não gostava de ouvir aquilo. E entendia que jamais seria assim com o pai dos seus filhos. No entanto, depois de casada, lá pelas tantas, se deu conta de que repetia a mesma mensagem, diante de um outro roteiro.

Na hora do jantar por exemplo, preparava uma bandeja e levava comida no quarto para o esposo. Não verbalizava qualquer reclamação, mas, diante da sua atitude, os filhos podiam pensar que, se o pai não era capaz de servir seu próprio jantar, se a mãe levava no quarto, era porque ele devia ser lerdo, acomodado e passivo. Ou seja: ela repetia o mesmo conteúdo que viveu na casa da sua infância.

Texto por Dirce Becker Delwing, jornalista, psicóloga e psicanalista clínica


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