A pandemia e suas contradições: alguns extremamente ricos e muitos extremamente pobres

Confira a análise da economista Cíntia Agostini no quadro Direto ao Ponto desta quarta-feira


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Foto: IBGE / Divulgação

Dos tantos problemas decorrentes da pandemia que assola o mundo a mais de um ano, na qual perdemos mais de 2 milhões 860 mil pessoas e a maior parte das economias mundiais tiveram decréscimo em seu Produto Interno Bruto, temos uma contradição que se torna cada vez mais aparente. E o anunciado nessa terça-feira (6) da lista da Forbes que indica as pessoas mais ricas de 2021 é a expressão dessa contradição, ou seja, a lista de bilionários no mundo subiu e hoje são 2755 bilionários, 660 a mais que no ano anterior. Ainda, destes quase 3 mil bilionários 65 estão no Brasil, 11 a mais que no levantamento de 2020. Ou seja, em um ano de aparente crise para os países e para muitos setores, alguns poucos tiveram resultados extraordinários.


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Por outro lado, e é nessa perspectiva que se reforça a contradição, a taxa de pobreza medida pela FGV Social indicou que em fevereiro desse ano 12,8% dos brasileiros viviam com menos de R$ 246,00 mensais, ou seja, R$ 8,20 por dia. São em torno de 27 milhões de brasileiros que vivem nessa condição e estão na linha da pobreza extrema. Além da renda da população mais pobre ter sido “achatada” pelo desemprego, pela recessão econômica, seu poder aquisitivo, que já é baixo, ficou pior a medida que o preço dos alimentos, item fundamental para a subsistência de qualquer indivíduo, ficou mais caro.

A cesta básica, medida pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), indica que durante o ano de 2020 os alimentos encareceram em média de 20 a 25%, variando de estado para estado e mais ainda, que o trabalhador que recebe o piso nacional, utiliza 57% da sua renda para comprar alimentos. Ou seja, um Brasil que consegue produzir poucos bilionários e aumentar esse número em 2021, como em outros países, também é o mesmo país que possui 27 milhões de pessoas vivendo com pouco mais de R$ 8,00 reais diários.

Uma contradição que não serve a nenhum país e que neste momento tão delicado para todos, exige políticas econômicas eficientes e eficazes para se fazer o real enfrentamento e minimizar o impacto da pandemia na vida da população de baixa renda.

Cíntia Agostini, economista, doutora em desenvolvimento regional, professora universitária, gestora de Relacionamentos e Negócios do Tecnovates e vice-presidente do Codevat.

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