Com novo reajuste no preço do gás natural, GNV acumula alta de 32% no Vale do Taquari

Nos dois postos que possuem o combustível na região, em Estrela e Lajeado, o metro cúbico do Gás Natural Veicular está custando R$ 6,46 desde a última quarta-feira (20)


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Metro cúbico está custando R$ 6,46 nos dos postos da região (Foto: Gabriela Hautrive)

Depois das consequentes altas no preço da gasolina, o valor de outro combustível também passa a impactar o bolso de usuários. Antes visto como uma alternativa mais econômica, o Gás Natural Veicular (GNV) já não compensa mais tanto financeiramente, se comparado com a gasolina devido aos aumentos registrados neste ano. Conforme levantamento feito pela reportagem da Rádio Independente, nos dois postos que possuem o combustível no Vale do Taquari, um em Estrela e outro em Lajeado, em janeiro o metro cúbico do GNV custava R$ 4,89. Depois do primeiro reajuste passou para R$ 5,66, e com um novo acréscimo de R$ 0,80 desde a última quarta-feira (20), está sendo comercializado por R$ 6,46, representando uma alta de 32% somente em 2022, sendo que desta vez o aumento foi de 14% e em janeiro havia sido de 16%.


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Motorista de aplicativo de Lajeado, Adão Bender (Foto: Gabriela Hautrive)

Somando o aumento de janeiro, que foi de R$ 0,85 e o reajuste mais recente, o GNV já subiu R$ 1,65 na região. E mesmo que o contexto atual não esteja favorável para quem possui veículo com GNV, a projeção é de que o cenário melhore, conforme o gestor de operações de gás natural do Grupo Charrua, Raymundo Monteiro Neto. “O cenário que se desenha é muito positivo para os próximos meses do ano, e principalmente para o ano de 2023, onde as regras dos contratos da Sulgás se alteram, gerando uma possível redução significativa no preço, então o cenário que a gente desenha para 2023 é muito positivo, onde o GNV vai voltar a ser muito competitivo frente a gasolina”, projeta.

Segundo o gestor, a correção acontece por uma questão contratual, entre Petrobras e Sulgás, que é a companhia de gás responsável pela comercialização e distribuição de gás natural no Rio Grande do Sul. “Foi um reajuste de R$ 0,66 sem impostos, o que refletiu em 82 centavos considerando os impostos. Esse reajuste é na ordem de 24% para os postos que são abastecidos por GNC, que o caso de Lajeado e Estrela, que recebem o gás natural por carreta”. Raymundo Monteiro Neto diz ter consciência de que a mudança impacta bastante para o consumidor. “Quase que equiparando o preço de venda do GNV com o da gasolina nas cidades de Lajeado e Estrela”, comenta.

Para quem depende do GNV como uma forma mais econômica para viabilizar o trabalho com aplicativos de carona, o aumento reflete no faturamento mensal. Esse é o caso do motorista de Lajeado, Adão Bender, que falou sobre a situação: “Isso nos causa, aos motoristas de aplicativos e táxi também, usuários do GNV, um impacto direto no aumento do principal custo de insumo que é o combustível, que representa entorno de 40% do total dos gastos”. O reajuste reflete também no modo operacional de trabalho porque não há aumento de repasse por conta dos aplicativos, segundo Bender. “Cada vez mais no aplicativo o motorista vai ter que avaliar qual viagem é lucrativa, é rentável, e infelizmente vai ter que aumentar o número de rejeição e até mesmo de cancelamentos, o que chateia muito os usuários”, avalia.

Estrela e Lajeado no Vale do Taquari possuem postos com GNV (Foto: Gabriela Hautrive)

Tabela de preços do gás natural

O reajuste do GNV foi anunciado pela Sulgás e autorizado pela Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs), variando de 11,8 a 24,1%, dependendo do segmento atendido. De acordo com a Sulgás, o reajuste decorre da alta do petróleo e do gás no mercado internacional, da variação cambial e das condições comerciais apresentadas pela Petrobras. No segmento industrial, o aumento vai de 18,6% a 23,2%. Para os consumidores comerciais, a alta oscila entre 14,3% e 17,8%. Para as residências, o gás natural sobe de 11,8% a 15,2%.

Protestos em 2021

No ano passado, em 23 de fevereiro de 2021, os recorrentes aumentos nos preços dos combustíveis e a falta de repasse nas taxas por parte dos aplicativos recorrentes aumentos nos preços dos combustíveis e a falta de repasse nas taxas por parte dos aplicativos, fez com que motoristas paralisassem os trabalhos em forma de protesto em Lajeado. Naquela oportunidade já era a quarta vez no ano que a Petrobras aumentava o preço no litro da gasolina nas refinarias e acumulava uma alta de 34,78% desde o início do ano. Já o diesel subia 27,72% no mesmo período. Devido a essas elevações, associadas aos valores repassados pelos aplicativos de transporte aos motoristas, os condutores, em diferentes regiões do Estado do Rio Grande do Sul, se mobilizavam em busca de melhorias, inclusive no Vale do Taquari.

Texto: Gabriela Hautrive
reportagem@independente.com.br

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