Aglomerações e responsabilidade social

Com honestidade penso que é possível curtir o sol e o mar, até por ser verdadeiramente saudável e necessário; mas certamente dá para ter critérios e evitar aglomerar.


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Foto: Divulgação

O novo ano está ai, com suas novas e velhas perspectivas. A palavra de ordem é vacinar ou não. O Estado brasileiro vai vacinar; é inevitável. Israel, proporcionalmente, é o Estado que mais tem pessoas vacinadas; usaram as Pifzer Bio NTech, com 95% de eficácia em duas doses e a segunda aplicação após 21 dias. Muitos declaram nas suas mídias sócias que não aceitarão a vacina; possuem suas convicções; outros tanto, creio que a maioria, se apresentará à vacinação em massa. Também é certo que aqueles que optarem por não vacinar terão liberdades reduzidas, como anteriormente falamos; certamente a carteira de vacinação valerá mais que a identidade.


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Estar vacinado não significa estar plenamente imunizado, pelo que os controles sociais de uso de máscaras, álcool em gel e cuidados com aglomerações vão seguir por um bom tempo, para todos. Mas, o Estado brasileiro e estados membros têm um problema cultural, paradoxal e maquiavélico consigo mesmo. Explico: todas chefias de Poder Executivo, órgão arrecadador do Estado sabem que se não houver fluxo da economia não há tributação ou esta fica em números inexpressivos e o Estado não arrecada. Não arrecadando, ele enfraquece e as políticas sociais e aqui, de governo, não são possíveis de serem realizadas.

De outro lado, não querem que haja aglomerações. É verão e é inevitável o povo da orla marítima, especialmente, aproveitar o mar; isso é fato. E ai, vem a mania do Estado brasileiro transformar a quebra de regras administrativas em caso de polícia, no caso, um fardo às polícias militares. É o fim da história mesmo, pois as questões que envolvem aglomerações não são caso de polícia e sim, de polícia administrativa, ou seja, de fiscalização administrativa pelos municípios. Mas, antes de se falar em polícias – administrativa ou militar –, a questão é, por óbvio, de responsabilidade social.

Quem aglomera sabe e se não sabe deveria saber dos riscos e efeitos que a exposição gera para si e para outros. No Uruguai, especialmente na conhecida e famosa Punta Del Este ou mesmo na majestosa e pouco conhecida pela gauchada Mangaratiba, onde o pseudo gênio conhecido como Neymar tem e promoveu sua festa de ano novo, os critérios de responsabilidade social foram diversos. Lá, quando há desrespeito às regras, ou exagero na aglomeração, se expõe uma bandeira vermelha, que serve de alerta às pessoas para se flagrarem ao risco que estão se expondo. Por aqui, não fosse a imprensa “pegar no pé” do pseudo astro, a festança ia rolar solta num notório exemplo de máxima irresponsabilidade social. Como se vê, não se trata de ter mais ou menos condições financeiras, nem na Mangaratiba do Neymar e nem na Punta Del este do presidente Luis Lacalle Pou, o qual surfava na próxima La Paloma, e sim de ter ou não vergonha na cara e não ser hipócrita social e ficar se expondo à doença e a transmissibilidade dela.

Com honestidade penso que é possível curtir o sol e o mar, até por ser verdadeiramente saudável e necessário; mas certamente dá para ter critérios e evitar aglomerar. Se houver perda de controle, podem ter certeza que haverá restrições severas e fechando as praias isso tudo vai virar caso de polícia, o que ninguém deseja, especialmente a própria polícia.

Carlos Augusto Fiorioli, promotor de Justiça e membro do Ministério Público em Lajeado.

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