As águas de 2020 – agricultura

Confira o comentário do engenheiro agrônomo Nilo Cortez.


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Imagem: Divulgação

Acredito que não é preciso detalhar a importância da água para nós. Sem ela não teríamos vida na terra. Nem flora nem fauna.

Quando olhamos na forma comercial é um dos insumos dos mais importantes, mas, nem sempre olhado desta forma.

O ano que passou foi de eventos climáticos que nos possibilitou enfrentar uma seca e logo depois a maior enchente em 60 anos. E novamente como dizem uma deficiência severa de água atingindo as lavouras, criações e demais cultivos.


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Temos apenas três Estações climáticas reconhecidas no Vale em Taquari (Estação Experimental de Taquari- Estado) a mais velha com dados de mais de trinta anos. Teutônia – INMET da UNIVATES (Núcleo de Informação Hidrometereológicas). Vou usar os dados “arredondados” desta última para facilitar os números e o comentário. Quadro com as chuvas de média histórica de 30 anos, chuva do mês e dias de chuva (mesmo que só uma pancadinha).

E lembro que as chuvas são medidas em milímetros. E cada milímetro de chuva sobre um metro quadrado (m²) corresponde a um litro. Exemplo 10 mm de chuva representa 10 litros de água por m².

Olhando o quadro vamos ver que março choveu o menor volume do ano em quatro dias totalizando 22 litros por m². Por outro lado julho, foi o mais chuvoso com 22 dias e totalizou 261 litros por m². O total do ano foram 147 dias de chuva e 1524 litros por m². Ou um metro cúbico e meio.

Janeiro 215 mm (15), Fevereiro 79 mm (9), Março 22 mm (4), Abril 39 mm (8), Maio 195 mm (15), Junho 175 mm (13), Julho 261 (22), Agosto 123 mm (14), Setembro 174 mm (18), Outubro 37 mm (8), Novembro 85 mm (10) e Dezembro 119 mm (11). Sendo seis meses acima da média histórica e os outros abaixo.

Os volumes são variados conforme as regiões. Quem tem o medidor de chuva (PLUVIÔMETRO) e colabora com a rádio Independente mandando os dados confirma isto.

Fica a pergunta onde foi esta água toda? Sim parte infiltrou para formar os lençóis freáticos para abastecer as fontes, poços artesianos, poços rasos, em fim umedecer o solo. E quanto mais coberto estiver o solo mais se infiltra e menos escorre e lógico menos erosão. Outra quantidade significativa evaporou para atmosfera retornando ao ciclo de chuvas. A grande parte possivelmente escorreu ladeira abaixo, foi para arroios e rios afluentes do Rio Taquari e daí para o Jacuí.

Quantos se deram conta e procuraram armazenar um pouco desta água? Poucos. E ficam na dependência de água nobre para atividades que poderiam usar água da chuva. Água tratada tem custo e está cada vez mais escassa e vai impactar cada vez mais na produção. Isto que nossa região é uma das melhores servidas de redes de água. Outras no RS estão em piores situação. Mas, não podemos desperdiçar.

A EMBRAPA tem um trabalho interessante com dados médios de consumo dos animais que pode ser usado para calcular o que é preciso para a criação. Desta forma pode saber o que precisa armazenar para enfrentar os problemas climáticos. Não se prevenindo dependerá do caminhão pipa ou buscar não sei onde.

Confira aqui a tabela de consumo de água da EMBRAPA.

E a perda de produção e peso dos animais é um valor caro e vai terminar com o lucro, que já é pouco. Com este dinheiro é possível fazer alguma coisa para melhorar o armazenamento e abastecimento de água.

E pode acrescentar o consumo humano que a FAO estima em 110 litros pessoa dia. No Brasil gastamos 154 litros pessoa dia. Dá para diminuir o consumo com bom uso.

Os Prefeitos tomarem posse para este novo mandato. Andei lendo as propostas para agricultura e não vi nada referente a água. Esquecimento? Quem sabe eu não li direito, pode ser. O RS via Secretaria da Agricultura e EMATER tem projetos para obtenção de recursos para armazenagem e irrigação. Houve muitos poucos interessados. Vão se lembrar quando não tem água e vão esquecer na primeira chuva.

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