Segundo delegado, 90% dos crimes de homicídio possuem ligação com o tráfico de drogas

Juliano Stobbe também falou sobre a atuação das facções criminosas em Estrela.


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Titular da Delegacia de Polícia de Estrela, Juliano Stobbe (Foto: Gabriela Hautrive / Arquivo / Rádio Independente)

A Polícia Civil e a Brigada Militar de Estrela desencadearam mais uma operação conjunta na tarde desta quinta-feira (27). Grande parte das ações aconteceram no bairro Imigrantes, onde foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão. Além de buscar o combate ao tráfico de drogas, as atividades também fazem parte da investigação de recentes homicídios ocorridos no município.

Segundo o titular da Delegacia de Polícia de Estrela, delegado Juliano Stobbe, os indicativos apontam que as execuções possuem ligação com o tráfico de entorpecentes. “Algumas com questões de fundo passional, mas todas ligadas a esses meios de organizações criminosas”, explica.

Stobbe falou também sobre as duas facções que possuem atuação no território da cidade. Conforme ele, uma delas é predominante e a outra atua fortemente em Lajeado, mas possui algumas ramificações em Estrela. “O chefe criminoso desta facção predominante é um indivíduo encarcerado mas que continua mantendo contatos com o mundo externo e dita às ordens. Essa situação é sabida pela Polícia Civil, pelo judiciário e pelo Ministério Público, mas é uma realidade de difícil combate”, pontua.

O fato do criminoso ser natural de Estrela apresenta uma dificuldade ainda maior no trabalho dos órgãos de segurança para combater o tráfico de drogas. “Ele tem essa identidade com a cidade. As pessoas que permanecem no crime o identificam como uma pessoa que vale a pena ser seguida. Essa peculiaridade faz com que o combate a essa facção seja diferenciado, disse.

De acordo com o delegado, em Estrela não é percebida uma movimentação de indivíduos de fora vindos para região com a intenção de ocupar postos de comando na criminalidade. No entanto, existe a ligação com indivíduos de outras regiões do Rio Grande do Sul. Relação que inicias muitas vezes dentro das casas prisionais. “Por exemplo, um indivíduo de Porto Alegre permanecendo em Lajeado vai gerar redes de contatos indesejados para a polícia”, lembra.

Em relação ao caso do jovem Matheus Robson Webers Corrêa (20), que está desaparecido há mais de dois meses, Stobbe garantiu que a investigação está demandando muito serviço dos agentes, mas é prioridade na delegacia. A Polícia Civil já realizou a coleta de material genético da família e aguarda o resultado de exames confrontados com restos mortais encontrados em Estrela. “Queremos muito resolver este caso da melhor maneira possível e o quanto antes”, garante.

Foto: Arquivo Pessoal

O delegado elogiou ainda o trabalho integrado com a Brigada Militar do município e definiu como uma integração fluída e leal. Em 2020, as ações conjuntas renderam a apreensão de mais de 50 kg de drogas. “Eu acho que hoje em dia é missão dos profissionais de segurança se integrarem cada vez mais. Em Estrela isso fluiu muito fácil e rapidamente. Cada um sabe que tem a sua missão constitucional estabelecida mas, quando é possível trocar informações e atuar juntos, nos atuamos e isso já tem dado resultados”, enaltece Stobbe.

Para ele, o enfrentamento ao tráfico de drogas deve ser cada vez mais rígido pois é o crime que gera a grande parte dos demais delitos. Conforme o delegado, 90% dos casos de homicídio e furto estão ligados ao tráfico de drogas. “A grande maioria dos crimes teve uma oscilação em relação a pandemia por conta da circulação das pessoas e da manutenção delas em casa. O tráfico de drogas não, é uma constante, o usuário ele dá um jeito de sair pra comprar drogas e o traficante dá um jeito de conseguir drogas para vender e ganhar dinheiro”, compara.

Nova delegacia

A partir do mês de setembro a Delegacia de Polícia Civil de Estrela passa a funcionar na rua Coronel Müssnich, na área central da cidade (Foto: Gabriela Hautrive / Arquivo / Rádio Independente)

A partir do mês de setembro a Delegacia de Polícia Civil de Estrela passa a funcionar na rua Coronel Müssnich, na área central da cidade. O prédio já está 95% concluído, faltando apenas alguns retoques e trâmites burocráticos. A nova estrutura conta com celas, salas para o registro de ocorrências e um depósito para o armazenamento de eventuais armas apreendidas.

O atual prédio abriga a delegacia desde 1971. Desde então nunca havia sido atingido pela enchente. Neste ano, a água ingressou 60 cm no interior da estrutura, causando a perda de procedimentos policiais, danificando móveis e ocasionando na queda de um muro do prédio.

“Teremos uma separação de quem está registrando para o resto do público. As pessoas não precisam saber o que a vítima vai relatar. As vezes se refere a um crime sexual e isso é extremamente constrangedor. Agora vamos ter uma liberdade para que o registro seja melhor feito. A pessoa vai contar exatamente o que aconteceu, sem ter melindres que alguém esteja escutando aquela história”, explica o delegado.

Texto: Artur Dullius
am950@independente.com.br

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