Até o churrasco e o “pum” do boi

Confira o comentário do engenheiro agrônomo Nilo Cortez


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Foto: Divulgação

Na CPOP26 em Glasgow na Escócia está sendo discutido o Aquecimento Global e as medidas que devem ser tomadas para diminuir urgentemente. Nosso futuro na terra corre sérios riscos se continuarmos tratando a natureza desta forma. Até a pandemia está ligada a problemas de aproximação do homem com animais silvestres que nos passaram o vírus. E virão mais casos já que estamos invadindo o habitat deles. A produção de gases de efeito estufa entre outros o vapor d’ água, Dióxido de carbono-CO2, Metano-CH4, Óxido nitroso-N2O tem sido apontado como grandes responsáveis pelo aquecimento.

Ainda não me convenci que a “Agricultura/Pecuária” seja o causador maior pelo aquecimento com a produção de metano. Onde ficam os gases produzidos pelas indústrias, pela combustão dos veículos (petróleo), uso do carvão, pelo lixo que cada um de nós produzimos por dia, cerca de 1,2 Kg e  ou 4 a 6 litros, que vai para lixões? Há ainda a produção de metano gerada pela natureza que não temos controle que já disseram que é maior que nós produzimos. Mas, vamos ao nosso setor agropecuário.

Claro que tem muita coisa a ser melhorada, e há formas erradas de condução da produção que precisam ser alteradas. Precisamos tratar melhor nossas florestas, desmatamentos, queimadas, por uma preservação e reconstituição do sistema agroflorestal. Lembro que o crescimento urbano também derrubou e invadiu muito de nossas florestas. Quanto às culturas e criações temos sim condições de melhorar a produtividade na área usada para produção. O Brasil tem 7,6% de seu território atualmente para a agropecuária. Podemos melhorar produtividade sem precisar derrubar mais matas. Melhorar o manejo de pastagens, cultivos e silvicultura estão aí incluídos.

Precisamos sim usar melhor a água de irrigação, mas também o uso normal evitando desperdício no consumo. E parar de poluir os rios, lagos, poços artesianos e destruir fontes superficiais e contaminar o lençol freático e aquíferos.

Acontece que os ruminantes bois/vacas, ovelhas e caprinos usam as pastagens na alimentação e ruminam (fermentação entérica). Este processo produz metano que em 10 anos desaparece na natureza. Mas, ao mesmo tempo, as informações dizem que é 34 vezes mais poluidor que o gás carbônico que leva cerca de 150 anos para desaparecer.

Alguns dados da EMBRAPA: que um boi libera 60 kg de metano por ano. O Brasil tem cerca de 220 milhões de cabeças de gado, um pouco mais de uma para cada habitante. E que 97% do metano produzido pelo boi é pelo arroto e o restante pelo pum. Até já tem máscara para diminuir o metano do boi. Um bovino de 400 kg come em média ao redor de 10 kg de massa seca por dia, equivalente 30 kg de silagem, ou 40 kg de pasto verde, ou 12 kg de feno e bebe 60 litros de água.

E o que fazer? Precisamos mudar hábitos e atingir diretamente nós gaúchos, diminuir o consumo de carne bovina, ovelha e cabra. Partir para consumo maior de vegetais e diminuir a quantidade de churrasco. Dar prioridade a aves, suínos e peixes para proteína animal. E parece que já está acontecendo involuntariamente pelo preço da carne.

Dá para melhorar este equilíbrio de produção de gases efeito estufa plantando árvores, cuidando das já existentes, investindo no verde nas áreas urbanas, até em jardins e hortas domésticas, produzindo menos lixo, reciclando, aproveitando melhor os alimentos com menos desperdícios.

Um pouquinho de cada um vamos “sequestrando” estes gases como se diz agora. O Brasil tem 60% de seu território preservado e seria responsável por menos de 3% do aquecimento atual. Somos sim alternativa positiva neste processo. Estão todos de olho em nós e precisamos produzir com sustentabilidade.

Por outro lado, dizem que o Brasil é o sexto maior emissor de gases efeito estufa. Outras informações ficam apenas atrás dos EUA, China e Rússia. Entenda as estatísticas.

Por Nilo Cortez

       

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