Audiência pública para tratar de rodovias estaduais do Vale tem clima tenso

Líderes regionais e comunidade tinham apenas uma hora para se manifestar, sendo dois minutos para cada pessoa fazer suas declarações; audiência durou cerca de quatro horas


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Lideranças de Encantado querem a retirada da praça de pedágio da localidade de Palmas (Foto: Arquivo/Natalia Ribeiro)

Na tarde desta quarta-feira (14) ocorreu a audiência pública virtual para tratar da concessão das rodovias estaduais do Vale do Taquari, inseridas no bloco 2 do plano: ERS-129, ERS-130 e RSC-453. A reunião que foi aberta a toda a população, iniciou às 14h e estava prevista para encerrar às 17h, mas devido a longa explanação da comunidade e líderes regionais, se estendeu até por volta de 18h.

Das 15h às 16h os inscritos tiveram dois minutos cada para fazer suas declarações a respeito da concessão. A maioria das explanações tratavam de críticas ao modelo de concessão.

Duplicação

O presidente da diretoria da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari (CIC Vale do Taquari), Ivandro Rosa, questionou os representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e o secretário Estadual Extraordinário de Parcerias do RS, Leonardo Busatto, sobre a duplicação do trecho de Cruzeiro do Sul até Arroio do Meio. “Um estudo apontava que a duplicação dos trechos de acesso de Cruzeiro do Sul e Arroio do Meio era o primeiro ponto de obras, e nós vimos agora que essa obra partiria do sexto ano, e entendemos que isso é um ponto a ser observado. Essa reivindicação que tínhamos feito em outros momentos não foi contemplada neste momento. Tem um estudo técnico que diz que isso era uma necessidade em 2012, imagina em 2021”, disse.

O presidente da Câmara de Vereadores de Lajeado e engenheiro civil da prefeitura de Lajeado, Isidoro Fornari Neto, também falou sobre a duplicação de Cruzeiro do Sul a Arroio do Meio. Para ele, é o trecho mais problemático da região. “Quem fez essas priorizações de obras ao longo dos anos, acho que não conhece nossa região, porque nosso trecho mais problemático é do trevo do entroncamento da RSC0453 com a ERS-130 até o km 82 de Arroio do Meio”, observa.

Sistema de outorga

O integrante da Associação Comercial e Industrial de Encantado (ACI-E), Rafael Fontana, abordou a questão do sistema de outorga. Segundo ele, a responsabilidade deveria ser do Estado e não do usuário das praças de pedágios. “É gravemente preocupante esse projeto e precisamos ser ouvidos porque vai causar transtornos enormes. Somos veemente contrários a outorga. Já pagamos um pedágio há mais de 23 anos, é injusto que tenhamos que pagar por mais 30 anos para melhorias em rodovias que o Estado deveria fazer”, comenta.

Mais tempo para debate?

Excedendo o tempo da reunião devido o grande número de pessoas que estavam inscritas para falar, foi levantado pelos participantes o desejo de realizar mais manifestações, já que uma hora seria pouco tempo para debater o tema. O clima, inclusive, foi tenso entre público e o secretário Busatto.

Em resposta aos questionamentos, o titular da pasta disse que não há como alcançar o consenso de todos. “O governo tem total disponibilidade pare fazer o debate que for necessário para chegar no melhor modelo para o RS. Temos ido dentro do possível a todas as localidades, muitos dos senhores eu conversei mais de uma vez. Não almejamos o consenso de todos porque é impossível. Continuaremos debatendo, buscando dentro do possível atender as demandas dos senhores”, garante.

Praças de pedágios

Um outro tema bastante discutido dentro do plano de concessão é a permanência das praças de pedágios, o que foi motivo das recentes manifestações em Cruzeiro do Sul, Encantado e Arroio do Meio, já que a população é contrária os locais de cobrança nos locais que estão hoje. O diretor de Estruturação de Projetos do BNDES, Leonardo Leão, disse que só há duas opções, ou reduz investimentos ou aumenta a tarifa. “Estamos atentos a respeito das praças atuais e as que estão sendo propostas. Existe requisitos mínimos para implantação de pedágio, na medida que você transfere essa praça de pedágio e coloca numa região que há um trafego pagante inferior ao aquele que tínhamos atualmente, haverá menos recursos para se fazer investimentos na rodovia, ou reduz investimentos ou aumenta tarifa”, explica.

Até o dia 18 de julho, o governo do Estado estará recebendo sugestões e contribuições da população para aprimorar a futura concessão por meio de Consulta Pública. Esta foi a segunda audiência pública, a terceira e última para tratar do bloco 3 está marcada para esta quinta-feira (15).

Texto: Caroline Silva

jornalismo@independente.com.br

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