Aumento de problemas cardíacos: pacientes tiveram infarto ou AVC em casa por medo de se contaminarem nas emergências, lamenta médico

Quem tem problema deve fazer reavaliação a cada 6 meses. Porém, com a pandemia, há pacientes que chegaram a ficar um ano e meio sem consultar, observa o cardiologista Claudio Grehs Filho


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Foto: Tiago Silva

A Sociedade Brasileira de Cardiologia divulgou dados preocupantes: cerca 400 mil pessoas morrem anualmente por problemas no coração, o que corresponde a 30% das mortes totais no país. Os óbitos tiveram um aumento de 7% no primeiro semestre de 2021. Pandemia, má alimentação, falta de exercícios físicos: o que pode estar acarretando isso? Pauta para o médico cardiologista Claudio Grehs Filho na entrevista no Redação no Ar desta sexta-feira (8). “As doenças cardiovasculares são as principais causas de mortes no Brasil e no mundo. Elas matam mais que o câncer”, afirma o profissional.


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De acordo com ele, é fundamental combater os fatores de risco: sedentarismo, estresse, obesidade, tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, diabetes e hipertensão. “A gente agindo e combatendo esses fatores de risco, conseguimos prevenir ou postergar o desenvolvimento dessas doenças”, destaca. “Quanto mais fatores de risco o paciente tiver, maior é o risco de ter infarto”, alerta.

Sobre o aumento neste primeiro semestre do ano, comparado ao ano passado, o médico analisa que “os pacientes que já têm hipertensão, diabetes ou colesterol alto, em função da pandemia, com medo de ir para as emergências e consultórios médicos, eles acabaram ficando em casa. Não fizeram prática de atividade física, engordaram, se alimentaram pior, a pressão se desregulou. Tudo isso foi um somatório para aumentar o número de eventos cardiovasculares, infarto do miocárdio e paradas cardíacas em casa”.

Na entrevista, o médico falou de sua experiência no sobreaviso da cardiologia do Hospital Bruno Born (HBB), em Lajeado. Grehs Filho observou que os pacientes com infarto e AVC “tinham sumido das emergências”. “Esses pacientes estavam morrendo em casa, esses pacientes tinham dor no peito ou parada cardíaca em casa. Eles não procuravam o médico por medo de se contaminar”, nota.

Atualmente, com os números de casos reduzindo e a vacinação contra a covid-19 avançada, “voltou como era antes”. “Agora, a tendência é reduzir novamente, porque os pacientes voltaram a ir no seu cardiologista.” De acordo com ele, quem tem problema deve fazer reavaliação a cada 6 meses. Porém, com a pandemia, há pacientes que chegaram a ficar um ano e meio sem consultar.

O médico explica que doenças do coração, na grande maioria das vezes, atingem um público mais velho. Em jovens, ou são doenças congênitas ou têm relação com obesidade, tabagismo ou falta de atividade física. A partir dos 25 anos já é aconselhado realizar avaliação. Em caso de boa avaliação, a indicação é repetir a cada quatro anos. A partir dos 50 anos, anualmente. Quem tem doença cardiológica, tem que seguir três pilares: atividade física, alimentação saudável e uso das medicações.

Texto: Tiago Silva
web@independente.com.br

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