Avaliar a rigidez nos processos deve ser prática constante

Cada vez mais, a flexibilização se mostra um diferencial


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Tamara Bischoff, jornalista e psicóloga (Foto: Rodrigo Gallas)

Na última quinta, o Grupo Independente realizou o sorteio da campanha Sorte Sobre Rodas, realizada com diversos parceiros aqui da região. No dia anterior, eu estava acompanhando um dos programas da emissora, e um ouvinte questionava até quando poderia entregar suas cautelas, e o comunicador respondeu que ainda havia tempo para fazê-lo.

Lembrei na hora de um outro sorteio promovido por uma instituição aqui da região, que ocorreu há algum tempo e para o qual eu tinha preenchido umas 50 cautelas. A ideia de ganhar o prêmio valia o trabalho: era um automóvel de valor considerável.

Então, por mais chata que fosse aquela atividade repetitiva de escrever dezenas de vezes nome, endereço, CPF e telefone, me propus a finalizá-la. Cada cautela continha um pedaço da minha esperança, um plano diferente a respeito do que eu faria se fosse sorteada. Ora eu ficaria com o carro, ora eu venderia e investiria o valor em melhorias na casa, ora eu gastaria tudo em um monte de coisas fúteis, e ora eu ajudaria algumas pessoas. Tinha planos de todos os tipos, aliás, o que não faltava era destino para aquele sonhado presente.

Pois eis que, faltando dois dias para o tal sorteio, fui até a instituição que o promovia entregar as cautelas. Chegando ao saguão, olhei ao redor e, não visualizando o local da urna, perguntei à recepcionista onde poderia deixar meus bilhetes. Com um sorriso próprio de quem exerce essa função, mas incompatível com as palavras que ela me lançava, ela disse que o prazo para depositar as cautelas tinha encerrado no dia anterior. Ah, que decepção!

Isso me levou a pensar na rigidez de alguns procedimentos adotados por empresas ou profissionais, que não permitem alguma exceção cabível, daquele tipo que não interfere em nada no resultado ou na segurança de algum processo. Como nesse caso, aliás. O sorteio seria feito ali mesmo, não haveria nenhuma necessidade de deslocamento que justificasse tal antecipação.

A partir desse acontecimento, achei importante abordar o tema como provocação para avaliarmos em nosso dia a dia quais são as situações em que o rigor se faz necessário e em quais há espaço para a flexibilidade, para atender o outro em sua singularidade.

Divulgar que oferece tratamento personalizado e que o cliente é especial é muito fácil, basta olharmos ao nosso redor. Mas e na hora de fazer valer esse discurso, será que estamos conseguindo transportá-lo para a prática? Pensei nisso!

Texto por Tamara Bischoff, jornalista e psicóloga 

 

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