Com destaque para Salmonella, Seminário de Carnes e Derivados encerra Jornada Técnica do Setor Alimentício, em Lajeado

Além de palestras e painéis, os cerca de 900 participantes ainda puderam prestigiar o Salão do Expositor


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Com a realização do II Seminário de Carnes e Derivados, encerrou, nesta sexta-feira (29), a 4ª Jornada Técnica do Setor Alimentício (AlimentaAção), evento que iniciou na noite do dia 26 e durante quatro dias ofereceu o XIX Workshop em Alimentos, III Meeting Empresarial e Seminário Segurança em Alimentos. Além de palestras e painéis, os cerca de 900 participantes ainda puderam prestigiar o Salão do Expositor, que neste ano contou com 47 empresas fornecedoras. A programação deste último dia também foi marcada pela homenagem póstuma, em forma de vídeo, ao professor Nelcindo Nascimento Terra, considerado uma das maiores autoridades no setor de carnes.

Na parte da manhã, a Salmonella pautou todas as palestras, e na abordagem do médico veterinário, mestre em Ciências Veterinárias e consultor técnico da American Nutrientes, Abrahão C. Martins, o destaque foram os pontos críticos no processo de abate de suínos. A partir de publicações oficiais, observações pessoais e experiências profissionais, ele compartilhou os principais tópicos que podem causar a propagação do vetor ou contribuir com um maior controle.

Segundo ele, dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que, anualmente, cerca de 600 milhões de pessoas são infectadas por alguma das 200 enfermidades transmitidas por alimentos, sendo as doenças diarreicas as mais comuns. Dentro desse quadro, são registradas, aproximadamente, 420 mil mortes relacionadas a moléstias ligadas à alimentação, das quais 125 mil são de crianças com menos de cinco anos.

Ao citar os pontos críticos nos frigoríficos, Martins indicou como ocorre e como prevenir a contaminação nas fases de pré-abate, recebimento e limpeza de baias de espera, de animais e de caminhões. De acordo com ele, a Salmonella é uma das enterobactérias que mais impactam na cadeia produtiva e por isso é necessário fazer avaliações internas na indústria e reforçar questões ligadas aos pontos críticos de controle, aos programas de higienização e desinfecção e às boas práticas de fabricação. Porém, a implementação de programas de controle pode esbarrar em obstáculos impostos pelo fator “pessoas”, as quais podem ser mais complicadas que os processos técnicos. “É preciso equipe comprometida, interligação de setores e ação conjunta”, resumiu.

A implicação da Salmonella também na cadeia produtiva de aves ganhou espaço na explanação da doutora em veterinária e perita judicial em especialista em medicina veterinária, Simone Machado, da Universidade Federal Fluminense do RJ. Ao mencionar a relevância da proteína de maior consumo no mundo todo, a profissional citou desafios que envolvem as indústrias tanto para o mercado interno quanto para o comércio exterior, onde a Salmonella pode ser uma das principais barreiras.

Classificações clínicas, diretrizes de prevenção e medidas de mitigação dos riscos foram alguns dos aspectos abordados por Simone, que enfatizou o quanto é imprescindível programas de rastreabilidade e o impacto da higienização. “Em falando de Salmonella, seja no campo ou no abatedouro, a limpeza responde por até 90% do resultado”, observou. Ela sustentou que a eficiência do programa de controle vai existir com a gestão integrada da cadeia, onde todos têm seu potencial de contribuição. “É a cultura da qualidade implementada. Sem isso, dificilmente chegamos ao resultado satisfatório”.

O evento oportunizou ainda o debate do mercado e das tendências das carnes e derivados, com José Ribas Junior, da JBS Seara; e as implicações normativas e técnicas do impacto ambiental na criação, manejo e indústria, abordadas por Arno Kayser e Fabiani Tomaz, da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).

Outro tema de grande repercussão no setor, a redução de antimicrobianos (antibióticos) na produção de carnes foi tratada pela médica veterinária, mestre e doutora Jalusa Kich. A especialista citou o cenário brasileiro, estudos locais e internacionais dos antibióticos utilizados na produção animal para tratamento de doenças e reforçou seu papel como um bem comum. No entanto, classificou que não há como controlar a resistência, provocada por aspectos como alimentos e animais, sem reduzir. “Precisamos abraçar a causa para conseguir resultados”. Como alternativas de usos prudentes estão o banimento do uso de antimicrobianos medicamente importantes como promotores de crescimento, restrição do uso profilático e uso como tratamento de forma customizada.

Coordenador do Seminário de Carnes, Ronald Markus encerrou com agradecimento. Representando a organização geral, Gilberto Soares enalteceu o evento como agente de transformação. “Esperamos todos na 5ª Jornada”. A 4ª edição da Jornada Técnica do Setor Alimentício (AlimentaAção) foi uma promoção da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), através do Grupo Técnico em Alimentos (GTA). O evento contou com o patrocínio ouro de Breenntag, Bremil, Bring Solutions, Indukern/Ceamsa, Doremus, Duas Rodas, Nutror, Reinigend, Saporiti, Solutaste e Tecnovates. AI/RC

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