Combate ao coronavírus expõe concentração da indústria de medicamentos

As 10 maiores companhias do mundo em volume de vendas tiveram receitas de US$ 351,55 bilhões.


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Foto: Reprodução / Pixabay

A disputa por medicamentos em meio ao combate ao novo coronavírus deixa em evidência problemas antigos de uma indústria trilionária que, segundo especialistas, não necessariamente atende aos interesses dos pacientes ou de governos, nem mesmo em tempos de pandemia. O acesso a remédios mundo afora é desigual. E os investimentos em pesquisa priorizam a medicação de uso contínuo, ou princípios ativos mais rentáveis do que antibióticos e vacinas.

Concentrado nas mãos de um punhado de empresas poderosas, instaladas sobretudo em países ricos, o mercado farmacêutico é guiado por muitos interesses. E boa parte deles gira em torno das finanças, dizem especialistas ouvidos pela BBC News Brasil.

Nesse segmento que movimentou US$ 1,2 trilhão (pouco mais de R$ 6 trilhões) em 2018, as 10 maiores companhias do mundo em volume de vendas tiveram receitas de US$ 351,55 bilhões. Seis delas são dos Estados Unidos (Pfizer, Johnson&Johnson, Merck&Co, Abbvie, Amgen e Gilead), duas da Suíça (Roche e Novartis), uma da França (Sanofi) e outra do Reino Unido (GlaxoSmithKline).

Os dados constam do levantamento publicado pela Evaluate, empresa de análise de dados do mercado farmacêutico, em maio do ano passado, com base em informações de 2018. São essas mesmas empresas que determinam preços e quem tem acesso aos medicamentos.

O sistema de incentivo à inovação tem um desequilíbrio crônico e isso está nos relatórios da organização Médicos sem Fronteiras (MSF) desde a década de 1990. Não há, segundo a entidade, estímulo à criação de medicamentos para doenças negligenciadas ou ligadas à pobreza. Por sinal, o mesmo documento da Evaluate indica que as dez maiores investiram US$ 66,14 bilhões em pesquisa e desenvolvimento, menos de 20% das receitas que obtiveram.

Fonte: UOL

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