Que tal receber cartas de algumas das pessoas mais admiradas do mundo com conselhos sobre a vida? Você tem esta oportunidade ao ler o livro “Carta para meu jovem eu”. A organizadora é Jane Graham, uma jornalista britânica. A obra reúne depoimentos exclusivos e intimistas de grandes personalidades respondendo à seguinte pergunta: Se a viagem no tempo fosse uma possibilidade, o que você diria ao seu jovem eu?
Entre os entrevistados, o músico Paul McCartney, o tenor e compositor Andrea Bocelli e as atrizes Olivia Colman e Olivia Newton-John. Já entre os dez brasileiros que aparecem na versão traduzida para o Brasil, está o escritor e jornalista Marcos Piangers.
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Tem uma parte do texto onde ele diz: “Quando eu tinha dezesseis anos, eu achava que os maiores problemas da vida eram não ter dinheiro, não ter um carro, não ter um emprego decente. Acho que essas coisas são problemas, mas os momentos realmente graves ao longo da vida são relacionados à saúde. Passamos a vida atrás de dinheiro, mas no final trocaríamos tudo por mais dez minutos abraçados aos nossos filhos. À nossa esposa. Aos nossos pais”.
A cantora britânica Olivia Newton-John, que faleceu em 2022, disse que, quando era adolescente, certa vez, escutou alguém lhe dizer “Amanhã será outra pessoa”, lembrando que ela não deveria se deslumbrar com o sucesso. “Mantenho os pés bem presos à realidade (…) A vida pode ser muito frustrante se você viver nas nuvens”.

É um texto agradável e interessante, especialmente porque mostra o jeito de pensar de cada entrevistado. Além disso, o leitor fica sabendo de singularidades que talvez nunca leu antes. De minha parte, não sabia que Paul McCartney e John Lennon tinham perdido as suas mães quando ainda eram muito jovens e que isso criou um laço entre os dois. “(…) com sorte sua mente encontra uma forma de lidar com a dor de modo a permitir que você siga em frente. Sendo um garoto de quatorze anos em Liverpool, eu podia tanto sucumbir à dor como seguir em frente apesar dela. A música me ajudou muito com isso, me trouxe bons sentimentos para substituir os sentimentos ruins.
E, é claro, John também perdeu a mãe dele quando era jovem. Isso ajudou a criarmos um laço, ter isso em comum”. Aliás, a música aparece em vários depoimentos de artistas entrevistados como uma ferramenta que pode salvar a pessoa de suas dores mais profundas. Trata-se de um espécie de poder de transformação ou de sublimação dos mais diversos desejos, inquietudes e ausências em obras de arte.
Texto: Dirce Becker Delwing