Consciência ecológica e a seca

Confira o comentário engenheiro agrônomo Nilo Cortez


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Foto: Divulgação

Dia 22 de dezembro é dedicado a chamar atenção para “Consciência Ecológica”. Neste dia foi assassinado Francisco Alves Mendes, o Chico Mendes, seringueiro e ecologista. A mando de fazendeiros, mataram em emboscada em Xapuri-Acre em 1988. Por quê? Ele defendia a Floresta Amazônica e denunciava o desmatamento.

Vamos trazer parte disto para o momento atual que vivemos com falta de chuva e mais uma vez prejuízos a agropecuária. Modernamente deficiência hídrica.

As florestas (árvores) e cobertura do solo com plantas diversas fazem parte da formação de chuvas “Ciclo da Água” e dos lençóis freáticos e poços artesianos. Os arroios, rios, açudes, banhados e fontes naturais existem pelo escorrimento e absorção da água das chuvas.

Nossa região entre as décadas de 60 a 80 perdeu grande parte da sua cobertura vegetal, inclusive APP, para ser plantado milho, soja e outros cultivos. Desapareceram muitas fontes e poços rasos. O lençol freático baixou e seu nível diminuindo até o volume de água dos poços artesianos. Desapareceu os pequenos banhados e olhos de água.

O uso não adequado do solo também reduziu a quantidade de matéria orgânica de média 3,5% para menos de 1%, com isto não segura a umidade e qualquer falta de chuva e dias mais quentes a planta sente. Produtores que trabalham com solos cobertos e rotação de culturas, entre outras técnicas, conseguem produzir e resistir mais as condições climáticas.
Quando a seca aparece como agora é aquela corrida precisamos de ações governamentais para ajudar. Carro pipa é o primeiro socorro. É verdade, mas, há quantos anos os programas de irrigação estão sendo oferecidos? Por incrível que pareça sobra dinheiro por falta de interessados. Alegam burocracia e exigências ambientais e outras dificuldades. E quanto cada um perde de sua produção não se pagaria?

Lembro que a cada 10 anos teremos ao redor de uma grande seca atingindo todo estado, três secas mais localizadas por região, duas atingindo aquele período crítico de cultura ao redor de 25 a 45 dias. Restando duas safras normais e com sorte duas muito boas e ainda os anos que a região escapa e a seca é fora daqui.

A média de chuva no Vale anda ao redor de 1884 mm de chuva por ano. Este ano estamos com 1398 mm, 25% a menos que a média. Mesmo assim tivemos chuva isto equivale 1398 litros por metro quadrado. Onde foi toda esta água? Escorreu grande parte e não foi aproveitada. Este é o nó da questão, melhorar o armazenamento conforme a possibilidade de cada propriedade. Pelo menos ter para a família, animais e aqueles cultivos de segurança alimentar da propriedade. Irrigação tem tecnologia para grandes áreas dependendo de açudes até por gotejamento em hortas e pomares. Armazenar em pequenas ou grandes cisternas, construir e recuperar açudes e tanques. Há como tratar água com cloro em caixas da água. A cobertura do solo precisa ser feita, mesmo que muitas áreas de APP foram abandonadas e a natureza lentamente vem fazendo sua parte. Pode ser acelerada fazendo reflorestamento principalmente com nativas.

É possível calcular quanto uma propriedade vai precisar de água e de posse do valor se constrói o que precisa para reservar ou pelo menos diminuir o problema. Anexo tabela da Embrapa que ajuda a calcular. A cada ano de seca se fala nisto.

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