Tem uma música do Pato Fu que diz “As brigas que ganhei, nem um troféu, como lembrança, pra casa eu levei. As brigas que perdi, essas sim, eu nunca esqueci”. O trecho serve para pensar quantas vezes colocamos uma lupa nas nossas derrotas e olhamos com uma luneta as nossas vitórias.
De vez em quando, o dia está legal, a semana vai bem, mas basta uma pedra aparecer em nosso caminho, que tudo muda. Erramos na avaliação que fazemos dos acontecimentos e ficamos suscetíveis demais. Dar a dimensão que os fatos merecem, e assim, decidir onde vale a pena investir energia, é talvez o maior desafio quando nos deparamos com situações desse tipo.

Ao reparar demais no que não deu certo e não valorizar aquilo que conquistamos, reforçamos ideias de menosprezo a respeito de nós mesmos, fazemos comparações com os outros, damos voltas e voltas sem sair do lugar.
Se você percebe que está fazendo isso, preste atenção. Por que será que precisa ser tão severo consigo mesmo?
Quanto mais possibilidades de pensar a respeito, colocar em palavras, e elaborar, menor a chance de que isso retorne com tanta força, que faça sofrer.
Aceite que é impossível planejar e controlar tudo. Sempre vai haver o inesperado, o acaso, o imprevisto. Se a pedra insistir em aparecer no seu caminho, invente maneiras de lidar com ela: você pode pular por cima, chutá-la, ou mudar seu curso na estrada. E se cair, ainda que machucado, o primeiro passo é se levantar. Depois você vê o que dá pra fazer.
Texto por Tamara Bischoff, jornalista e psicóloga