Derrota histórica em eleição regional coloca partido de Merkel em alerta na Alemanha

Mau desempenho em dois redutos eleitorais do CDU é atribuído à insatisfação perante a condução da pandemia; chanceler deixará o poder em setembro após 16 anos


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Chanceler da Alemanha, Angela Merkel, discursa sobre a pandemia de Covid-19 em Berlim em 11 de fevereiro de 2021 (Foto: Hannibal Hanschke/Reuters)

O partido conservador União Democrata-Cristã (CDU), da chanceler alemã Angela Merkel, sofreu um revés histórico em duas eleições regionais neste domingo (14), vistas como um teste para as eleições nacionais de setembro — quando Merkel deixará o poder, após 16 anos.

Os resultados preliminares indicam que o CDU teve seu pior resultado já registrado nas regiões de Baden-Württemberg e Renânia-Palatinado (sudoeste da Alemanha) — com uma queda, respectivamente, de 4 e 5,8 pontos percentuais em relação aos resultados do partido no pleito de 2016.

O revés atual é visto como um desdobramento da pandemia do coronavírus e da insatisfação do público com a condução política.

Depois de sair bem durante a primeira onda da pandemia, a Alemanha enfrentou uma segunda onda mais dura, e ainda vive alta nas infecções. A vacinação (assim como em grande parte da Europa) ainda não ocorre no ritmo desejado, e autoridades não têm conseguido aliviar as restrições sanitárias.

Além disso, um escândalo envolvendo alegações de que políticos do CDU receberam comissões polpudas em troca de acordos de compra de máscaras pelo governo forçou a renúncia de vários deles.

O desempenho pífio no pleito regional surpreendeu e acendeu sinais de alerta em Berlim, a despeito da alta popularidade de Merkel, explica a correspondente da BBC na capital alemã, Jenny Hill.

“Líderes do partido sabem que vão chegar à eleição geral de setembro sem seu maior ativo: a própria Merkel”, explica Hill.

“A popularidade dela permanece alta, mas há uma insatisfação crescente com o gerenciamento da pandemia pelo seu governo. Alguns temem que a CDU, que há apenas um ano previa-se que ganharia a eleição com uma maioria confortável para formar uma coalizão, possa até ser tirada do governo em setembro.”

Ainda é cedo, porém, para previsões concretas a respeito das próximas eleições, uma vez que ainda não se sabe quem será o candidato escolhido pelo CDU para concorrer. O nome mais provável é o do centrista Armin Laschet, novo líder do partido, mas o resultado deste domingo pode abrir espaço para outras figuras políticas, como Markus Söder, líder do partido “irmão” do CDU na Baviera, CSU.

Os resultados deste domingo

A Alemanha é um estado federativo composto de 16 regiões. Sob esse sistema, há eleições para as legislaturas regionais e para o Parlamento nacional, o Bundestag.

Na região de Baden-Württemberg, estima-se que o Partido Verde fique com 32% dos votos e o CDU, com 24%.

Na vizinha Renânia-Palatinado, os sociais-democratas (centro-esquerda) devem vencer com 35%. O CDU aparecia na dianteira das pesquisas de opinião, mas deve ficar com apenas 27% dos votos.

“Não foi uma boa eleição para o CDU”, admitiu o secretário-geral do partido, Paul Ziemiak.
Os resultados pavimentam o caminho para eleições regionais entre os verdes, os sociais-democratas e o liberal Democratas Livres.

O líder dos verdes, Robert Habeck, disse que o partido quer aproveitar o bom momento para se fortalecer na campanha para o Bundestag.

Em entrevista à BBC, o parlamentar do CDU Kai Whittaker afirmou que os resultados de domingo foram decepcionantes. “Não podemos negar que há um risco de que estejamos perdendo o contato com o povo”, disse.

Fonte: G1

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