Educação rural: metodologia de ontem e de hoje

Confira o comentário do engenheiro agrônomo Nilo Cortez.


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Notícias destes últimos dias me fizeram pensar na educação rural e no seu desenvolvimento na região. Metodologia de ontem e de hoje. E vamos dividir o comentário em partes.

A formação educacional formal no interior teve um período em que a comunidade contratava o professor por sua conta. Procuravam pessoas que se adaptavam aos conhecimentos desejados. Escolinhas de primeira à quarta série, muitas vezes com uma sala de aula, e o professor se virava como podia para dar aulas para todos. Como se diz era ele e o quadro negro. As notícias dos jornais local informam da trajetória do professor Guillebaldo Ahlert que atuou em Estrela, hoje Colinas que seria um bom representante para da época. Quantos outros professores ajudaram a desenvolver a educação no nosso Vale. Jovens da época receberam aqueles conhecimentos básicos de português, já que predominava o alemão no baixo vale e o italiano na parte mais alta. Aprenderam a fazer cálculos na matemática e conhecimentos gerais.

Depois entrou uma educação mais formal com as “Escolas Normais Rurais” que preparavam professores, que além das disciplinas básicas, ainda recebiam informações sobre técnicas agrícolas. E as professoras recebiam conhecimentos de saúde, higiene, culinária, costura e o que chamavam de práticas domésticas. E ainda uma série de metodologia de comunicação para tornarem as aulas mais praticas. Conheci duas destas escolas, a de Osório e a de Santa Cruz do Sul. Esta convivi com meu pai que era professor de geografia, história natural e técnicas de veterinária.

Foi um período em que as notícias chegavam lá no interior pelos professores e as rádios. Circulação de jornais era muito restrito e apenas alguns recebiam O Correio Rio-grandense que circulou de 1917 a 2017 como impresso dos Freis Capuchinhos. (Caxias do Sul)
No final da década de 1950 chegou a ASCAR, hoje EMATER/ASCAR-RS com a educação não formal se espalhando pelo Rio Grande afora. Completou 65 anos em junho e atua em 497 municípios atendendo 250 mil famílias. Os extensionistas chegavam nas propriedades levando conhecimentos e trocando tecnologia com as dos produtores para aprimora-las.

Organizando as comunidades, grupos e clubes de mães, jovens rurais e formas associativas. Muitos trabalhos de saneamento básico, ambiental, armazenagem, área social e cursos dos mais diversos foram realizados. Aí aproveito parte das descrições do livro “Á Minha Querência” que narra histórias, comentários e nostalgia no Vale do autor Wolfgang Hans Collischonn.

Usei este livro por ele ter acompanhado parte deste desenvolvimento rural a partir destas datas. Trabalhava no Banco do Brasil parceiro nas atividades de crédito agrícola e muitas vezes acompanhou o trabalho de organização dos produtores para receberem crédito de investimentos e custeio. Eletrificação rural, melhoria sanitária nas propriedades, correção do solo, controle de erosão, curvas de nível, em fim melhorar seu nível de vida e conhecimento.

A entidade EMATER sempre teve problemas burocráticos de ser entendida como atividade preponderante para o desenvolvimento de educação não formal no meio rural. Houve melhora com o enquadramento jurídico da empresa como associação civil de caráter privado. Que dá mobilidade e garante entrada de recursos que vem diminuindo a cada ano. É verdade há boas promessas de liberação de valores ainda este ano.

A forma de trabalhar do passado para a atual mudou muito. As metodologias de extensão rural estão completamente diferentes. A evolução dos meios de comunicação veio favorecer outras formas de contatos mais rápidas e qualificadas. Muitas visitas e avisos para os produtores rurais foram facilitadas, mesmo que ainda muita comunidade tem sinais TV, celular e internet precários. Ou pior nenhum sinal e dificuldades com eletrificação, isto que o Vale está muito bem em comparação a outras partes do estado. O celular e os computadores vieram encurtar estes contatos evitando muitas viagens e facilitando o envio de respostas de dúvidas. Uma nova maneira de promover educação não formal para o meio rural.

Muitos extensionistas estão se aposentando, chegou a idade de seguirem outro rumo. Novos estão entrando já mais próximos destas novas tecnologias, como agricultura familiar 4.0 e outras darão continuidade aos trabalhos. O que incomoda e ter baixo número de substitutos preparados e contratados. Tem saído mais do que entrado nestes últimos anos.
Nestes anos todos quantas famílias forma ajudadas pela Extensão Rural? Não sei. Quantos, mesmo não ficando no meio rural, teve seus conhecimentos iniciados pela educação rural não formal. Hoje são empresários, políticos, homens públicos, cidadão de bem trabalhando e produzindo. Muitos.

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