Estamos sempre às voltas com o que há “do outro lado do muro”

É difícil mesmo olhar para si, aceitar as limitações e se responsabilizar por seu destino


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Você já parou pra pensar sobre os limites que permeiam sua vida? Há uma série deles, externos e internos, que servem de proteção mas que também nos impedem de muitas coisas. Pensava nisso enquanto lia um livro do filósofo existencialista Jean Paul Sartre. Não por acaso, a obra chama-se O Muro, e traz uma coletânea de contos produzidos às vésperas da Segunda Guerra Mundial pelo escritor francês, momento propício para amplas reflexões.


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Tamara Bischoff, jornalista e psicóloga (Foto: Divulgação)

Os muros demarcam limites, promovem contenção, dividem em dois lados. Alguns muros entraram para a história, dada sua relevância mundial, como a Muralha da China, o Muro de Berlim e os tantos quilômetros de muro que estão na fronteira entre Estados Unidos e México, por onde se arriscam diariamente milhares de pessoas em busca de um outro horizonte para suas vidas.

Tem também os muros que talvez sejam os piores de todos: aqueles que nós mesmos criamos em nossas vidas e que nos atrapalham até mesmo nas coisas mais simples. Não me refiro aqui às barreiras que precisam ser internalizadas e respeitadas, mas àquelas que merecem ser questionadas. Quantas vezes a gente ergue muros ao nosso redor! “Ah, por ali não posso ir, esse caminho não é pra mim”; “eu não consigo, é muito alto”; “e se eu cair?”.

O Muro, de Sartre

E quantas vezes nos sentimos “jogados contra o muro” ao termos de tomar uma decisão importante? E aí, muitas vezes, escolhemos ficar “em cima do muro”, sem arriscar a escolha de um lado, cultivando a tranquila ideia de que ali estamos em segurança. “Ninguém quer encarar de frente a existência”, diz Sartre. Porque é difícil mesmo olhar para si, aceitar as limitações e se responsabilizar por seu destino. Estamos sempre às voltas com o que há do outro lado do muro, especialmente o muro da nossa própria vida.

Texto por Tamara Bischoff, jornalista e psicóloga

 

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