Gigantes da tecnologia miram grupos supremacistas brancos e milícias em banco de dados antiterrorismo

Empresas esperam utilizar as informações para reprimir divulgação de conteúdos extremistas


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Ícones de WhatsApp, Twitter, Facebook, Instagram e YouTube (Foto: Alessandro Feitosa Jr/G1)

Uma organização de contraterrorismo formada por algumas das maiores empresas de tecnologia dos Estados Unidos, incluindo Facebook e Microsoft, está expandindo significativamente os tipos de conteúdo extremista que serão armazenados em um banco de dados em comum.

Com isso, elas esperam utilizar as informações para reprimir divulgação de grupos supremacistas brancos e milícias de extrema direita, disse o grupo à Reuters.

Até agora, o banco de dados do Fórum Global da Internet para o Contraterrorismo (GIFCT, na sigla em inglês) se concentrava em vídeos e imagens de grupos terroristas em uma lista das Nações Unidas e, portanto, consistia principalmente em conteúdo de organizações extremistas islâmicas, como o Estado Islâmico, a Al Qaeda e o Talibã.

Nos próximos meses, o grupo adicionará manifestos de agressores – muitas vezes compartilhados por simpatizantes da violência da supremacia branca – e outras publicações e links sinalizados pela iniciativa da ONU, “Tecnologia Contra o Terrorismo”.

Ele usará listas do grupo de compartilhamento de inteligência Five Eyes (Cinco Olhos, em português), que envolve Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, adicionando URLs e PDFs de mais grupos, incluindo os Proud Boys, os Three Percenters e neonazistas.

As empresas, que incluem Twitter e YouTube, compartilham “hashes”, representações numéricas únicas de conteúdos originais que foram removidas de seus serviços. Outras plataformas usam isso para identificar o mesmo conteúdo em seus próprios sites, a fim de revisá-lo ou removê-lo.

Embora o projeto ajude a combater o conteúdo extremista em plataformas convencionais, os grupos ainda podem publicar imagens violentas e retórica em muitos outros sites e espaços na internet.

O grupo de tecnologia quer combater uma gama mais ampla de ameaças, disse o diretor executivo do GIFCT, Nicholas Rasmussen, em entrevista à Reuters.

“Qualquer pessoa que olhe para o cenário do terrorismo ou do extremismo tem que entender que há outras partes […] que estão exigindo atenção agora”, disse Rasmussen, citando as ameaças de extremismo violento de extrema direita ou motivado por questões raciais.

As plataformas de tecnologia há muito são criticadas por não policiarem conteúdo extremista violento, embora também enfrentam preocupações com censura.

A questão do extremismo, incluindo supremacia branca e grupos de milícia, assumiu urgência renovada o ataque de 6 de janeiro contra o Capitólio, nos EUA.

O banco de dados do GIFCT pode ser acessado por 14 empresas, incluindo Reddit, Snap, Instagram, Verizon Media, LinkedIn e Dropbox.

O GIFCT, que agora é uma organização independente, foi criado em 2017 sob pressão dos governos dos EUA e da Europa após uma série de ataques em Paris e Bruxelas.

O banco de dados contém principalmente impressões digitais de vídeos e imagens relacionadas a grupos na lista consolidada de sanções do Conselho de Segurança da ONU e alguns ataques específicos transmitidos ao vivo, como o tiroteio em 2019 em uma mesquita em Christchurch, Nova Zelândia.

O GIFCT tem enfrentado críticas e preocupações de alguns grupos de direitos humanos e digitais em relação à censura.

“O excesso de realizações leva você na direção de violar os direitos de alguém na internet de se engajar na liberdade de expressão”, disse Rasmussen.

O grupo deseja continuar a ampliar seu banco de dados para incluir hashes de arquivos de áudio ou certos símbolos e aumentar seu número de membros. Recentemente, adicionou a o Airbnb e a Mailchimp como membros.

Fonte: G1

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