Grupo vai ao Hospital Estrela pedir justiça pela morte do menino Isac

Familiares e amigos partiram em caminhada da rodoviária até a casa de saúde na manhã deste sábado (25), levando faixas e cartazes.


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Familiares, amigos e conhecidos foram até a casa da saúde pedir respostas sobre o caso (Foto: Natalia Ribeiro)

Quarenta e cinco minutos de uma caminhada silenciosa, mas repleta de sentimentos, principalmente tristeza e revolta, bem como inúmeros questionamentos. Assim foi a manhã deste sábaod (25) para um grupo de moradores de Estrela que protestou pedindo justiça pela morte de Isac Natalício da Silva. A criança faleceu na última segunda-feira (20), no Hospital Estrela, aos 2 anos e 5 meses de idade. Para a família, deficiências no primeiro atendimento contribuíram para o agravamento do quadro e posterior óbito.

O grupo de aproximadamente 70 pessoas saiu da Estação Rodoviária de Estrela, na Avenida Rio Branco, por volta das 8h30, em direção ao hospital. Uma faixa com fundo branco anunciava o motivo da caminhada: “por que não foi feito raio-x no Isac?”. Atrás do cartaz vinham pai, mãe, familiares e a comunidade.

Pai do menino, Fabiano Rodrigues da Silva disse, emocionado, que era “necessário fazer isso nesta manhã. Precisamos agradecer a quem está presente e, resumindo, pedir amor e compaixão. Que tenhamos mais compaixão com o outro. Nós não estamos mobilizados para gerar tumulto ou briga”. A mãe, Deise Ferreira da Silva, foi medicada para ir ao protesto. Ela desmaiou quando estava na porta do hospital.

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Tia de Isac, Adriana Rodrigues da Silva se tornou a porta-voz da família. Não menos abalada, ela destacou que é um momento muito difícil para todos, mas em especial para a mãe do garoto. “A minha cunhada não tem mais vida. Como pode uma mãe tentar recomeçar se tiraram o bem mais precioso que ela tinha?”. Adriana ajudava na criação do menino. Ela estava no hospital quando a morte foi anunciada aos parentes.

Com camisetas brancas, a maioria delas contendo fotos do menino e frases que pediam justiça por sua morte, os caminhantes passaram em algumas das principais vias de Estrela. O trajeto foi acompanhado pela Brigada Militar, que conduziu o trânsito para que fluísse em uma pista. Eles ainda levaram cartazes e exames de raio-x. Isso porque a família teria solicitado o procedimento, não sendo atendida.

Trajeto de aproximadamente 2,5 quilômetros foi percorrido pelo grupo em 45 minutos (Foto: Natalia Ribeiro)

No domingo (19), quando os pais procuraram o Pronto-Socorro pela primeira vez, a tia conta que “a mãe dele insistiu no raio-x, mas o médico achou que não tinha necessidade”. O acolhimento inicial é questionado pela família. Adriana acredita que se ele tivesse sido diferente, mais amplo, o menino poderia ter chances de cura. “Talvez até poderia ter ocorrido o fato, a morte, depois, mas o Isac teria uma chance”.

Isac tinha histórico de bronquite, segundo Adriana. Ele foi diagnosticado com pneumonia antes de completar um ano de vida. Na primeira consulta, com o médico plantonista, o diagnóstico foi de infecção na garganta. No dia seguinte ele teria falecido por pneumonia e diabetes. O atestado de óbito informa que a causa foi choque séptico, septicemia/sepse e hemorragia pulmonar. Para a tia Adriana, que tinha o menino como filho, o objetivo com a mobilização é evitar que algo parecido ocorra com outra família. “O nenê não volta mais. Queremos que todo o pai e toda a mãe tenham direito a um atendimento correto, que o médico não se recuse”, diz.

Tia do menino Isac, Adriana Rodrigues da Silva (Foto: Natalia Ribeiro)

A casa de saúde instaurou uma sindicância para apurar as circunstâncias da primeira consulta. Segundo a família o procedimento deverá ser concluído em até dez dias. A informação foi passada em reunião com a direção do hospital. Os parentes irão esperar o laudo para avaliar os rumos da mobilização. “Essa vai ser a nossa luta, nós não vamos descansar”. Em janeiro de 2016 outro integrante da família teria morrido após procurar atendimento no Hospital Estrela, segundo a tia. Se trata de Ismailer Daniel dos Santos, falecido aos 19 anos, depois de infartar.

Por fim, ao chegar na casa de saúde, os manifestantes se reuniram em oração e penduraram os balões brancos que carregavam nas árvores ao redor do hospital. A casa de saúde não enviou representante para fazer pronunciamento durante o ato. Todo o trajeto foi realizado com palmas sendo entoadas à memória do menino.

Texto: Natalia Ribeiro / jornalismo@independente.com.br

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