Há “falhas homéricas” no projeto de concessão de rodovias para o Vale, afirma coordenador de movimento

Lideranças do movimento “Este pedágio o Vale não quer” relatam falta de rotatórias, viadutos e ruas laterais, além da demora em obras fundamentais. Eles defendem a cobrança eletrônica por free-flow


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Foto: Tiago Silva

O Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat) e a Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC-VT) realizam desde segunda-feira (1º), por dez dias, uma pesquisa virtual sobre o plano de concessões de rodovias do Governo do RS para a região. Até agora, cerca de 2,8 mil pessoas já participaram do levantamento. Após a coleta dos dados, o documento será enviado ao governo gaúcho.

Para falar sobre a iniciativa, o programa Redação no Ar desta sexta-feira (5) recebeu o coordenador do movimento “Este pedágio o Vale não quer”, Ardêmio Heineck, e o empresário da Cooperativa ValeLog, Adelar Stefler. Os dois manifestaram contrariedade à concepção geral do contrato. As lideranças não são contra o pedágio em si, mas relataram que o desenho proposto penaliza a região, por isso defendem a cobrança eletrônica por livre passagem, conhecida como free-flow.

Heineck afirma que falta transparência na condução do processo. Segundo ele, o Estado fez uma discussão pontual com alguns municípios interessados, mas não com as comunidades regionais. “Escutaram, mas nunca ouviram. Não levaram em consideração”, lamenta.
O coordenador entende que o projeto é inviável como está hoje. Há “falhas homéricas” como a falta de rotatórias, viadutos de acesso e ruas laterais, além da demora em obras fundamentais, pontua. “O projeto precisa de uma rediscussão total com as comunidades.”

Heineck critica que os pedágios de Cruzeiro do Sul e Encantado, além de dividir duas comunidades ao meio, foram instalados em pontos de menor fluxo, o que torna a tarifa mais cara. Por isso ele argumenta que a formatação do contrato inibe que a tarifa baixe nos postos de pedágio. “Queremos que seja adotado o sistema de livre passagem, que já tem legislação e um projeto-piloto em Guarulhos”, explica.

Segundo ele, o conceito é dividir para espalhar a cobrança, com custo menor para o usuário e mais arrecadação para o governo. “Estimamos que se arrecada 50% a mais.” A proposta é a cobrança eletrônica por free-flow ocorrer entre Lajeado e Arroio do Meio, e entre Estrela e Teutônia. Num primeiro momento, os pedágios físicos permaneceriam. Mas, progressivamente, seriam descontinuadas para dar lugar somente ao sistema eletrônico. Heineck afirma que é mais justiça na arrecadação pelo uso real da rodovia.

Adelar Stefler, da ValeLog, relata os problemas que a falta de logística adequada causam às comunidades. “Qualquer região do Brasil, para crescer, precisa de infraestrutura, e isso eu vejo muito nos meus 40 anos no setor de transportes. Eu vi regiões e cidades praticamente sumirem, desaparecerem por causa de rodovias”, ressalta.

“A região, para crescer, precisa de infraestrutura. Infelizmente, hoje, o Vale está carente. Ferrovias não temos. Hidrovia não funciona. O único modelo que temos hoje é o rodoviário. E aí nós vamos ter um problema grave, e acaba impactando muito na economia da nossa região. Essa é a preocupação que a gente tem”, alerta o empresário, sobre os problemas do modelo contratual para as rodovias do Vale no projeto de concessão do RS.

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