Maioria das empresas de Lajeado não demitiu durante a pandemia, mostra pesquisa

Estudo da Prefeitura de Lajeado, que avaliou o setor produtivo, teve os resultados divulgados nesta segunda-feira (6).


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Resultados serão aplicados em medidas de retomada econômica (Foto: Natalia Ribeiro)

Identificar os efeitos da crise econômica provocada pela pandemia da Covid-19 foi o tema de uma pesquisa da Prefeitura de Lajeado, aplicada no período de 22 a 28 de junho. Cento e trinta e sete empresários do setor produtivo responderam as perguntas de um questionário online. A maior parte deles disse que não precisou demitir funcionários e que não pretende fazer desligamentos nos próximos três meses.


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Nem todas as perguntas foram respondidas pelos 137 participantes. No caso das demissões, 135 pessoas participaram. Destas, 60% disseram que não precisaram demitir colaboradores; 30,4% que desligaram até cinco funcionários; e 9,6% mais de cinco funcionários. Em contrapartida, apenas 8% disse não ter sentido reflexos da crise na receita dos meses de abril e maio. A maior parte, de 39,4%, revelou que a queda foi superior a 50% do referido período.

Entre as empresas participantes, a maioria, 72 (52,2%), é do ramo de serviços. Depois aparece o comércio, com 58 adesões (42%), e indústria, que teve 24 participações (17,4%). Para o secretário da Fazenda de Lajeado, Guilherme Cé, a adesão foi expressiva. Ele esperava, no máximo, cem respostas. Ele explica a importância que vê no estudo. “Com base nessas informações a gente vai conseguir desenhar, de forma mais concreta, ações de curto, médio e longo prazo”.

Além de a maioria do setor produtivo não ter demitido, a maior parte não pretende desligar funcionários nos próximos três meses. Conforme o resultado apresentado, em ato no Salão de Eventos da Prefeitura de Lajeado, nesta segunda-feira (6), 50,4% dos 137 empreendedores irá manter o atual quadro no trimestre a seguir. Entre os que não sabem ou que demitirão o percentual é dividido, de 24,8%, para cada um.

Ajudaram na divulgação da pesquisa entidades como Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), Câmara de Dirigentes Logistas (CDL) Lajeado, Sindicato dos Contabilistas de Lajeado (Sincovat) e Sindilojas, além de outras participantes do Fórum das Entidades.

Representantes das entidades acompanharam a apresentação dos dados, que foram remetidos a elas para a construção de medidas de auxílio aos empresários. “Por mais que não tenha cunho científico, a pesquisa traz um retrato do momento que estamos vivendo. Situações que colocamos para tentar entender como o município pode ajudar”, retrata o secretário do Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agricultura de Lajeado, André Bücker.

Secretários André Bücker e Guilherme Cé apresentaram os dados, na tarde desta segunda, 6 (Foto: Natalia Ribeiro)

Outro dado que surpreendeu a administração, é a vontade dos empresários de que o poder público mantenha a bandeira de Lajeado e do Vale do Taquari na cor laranja, permitindo, assim, o funcionamento do comércio e dos serviços. A região teve uma semana de bandeira vermelha, no começo de maio. Para tal resultado, porém, a Prefeitura pede a colaboração da comunidade em distanciamento e uso de máscara.

Em termos de arrecadação, a Prefeitura trabalha em cenário intermediário, com previsão de queda de R$ 27 milhões em 2020. Auxílio federal encaminhado ao município durante a pandemia, que soma R$ 11 milhões, já foi deduzido da previsão de diminuição na receita. “O município trabalha com cautela e responsabilidade”, pontua o secretário da Fazenda, Cé. O número de empresas que fecharam as portas durante a pandemia não é de conhecimento da administração.

Confira aqui os resultados da pesquisa

A pesquisa

– Entre os empresários que responderam a pesquisa, 60,6% tem como regime tributário o Simples Nacional; 29,2% lucro real/presumido; e 10,2% Microempreendedor Individual (MEI);

– O faturamento anual de 42,3% das empresas é maior que R$ 360 mil e menor ou igual a R$ 4,8 milhões; de 40,1% menor ou igual a R$ 360 mil; e 16,8% maior que R$ 4,8 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões;

– Com relação ao número de funcionários, 48,9% tem menor ou igual a cinco; 19% entre cinco e dez; 13,9% maior que 50 colaboradores; 9,5% entre dez e 20; 8,8% maior do que 20 e menor ou igual a 50;

– Sobre restrições de funcionamento impostas pela pandemia, por meio de decretos estaduais e municipais, 84,7% foram atingidos. Os demais, 15,3%, não;

– Diante do cenário imposto pela doença, 53,3% acreditam que as restrições foram necessárias; 26,7% que não; e 12,6% não sabem. O restante, de 7,4%, se manifestou por meio de respostas abertas;

– Para a maioria, de 40,1%, o pior da crise econômica já passou;

– A normalização da receita em patamares iguais a antes da pandemia é projetada, por 67,9%, para 2021;

– Das empresas participantes, 62% foram beneficiadas por algum pacote de auxílio governamental e 38% não receberam tal ajuda. Para 62,4%, o Município pode adotar ações específicas, nos próximos três meses, para minimizar os efeitos da crise;

– A maioria, de 64,4%, buscou crédito em instituições financeiras. Contudo, apenas 22% conseguiu efetivar a contratação.

Texto: Natalia Ribeiro

jornalismo@independente.com.br

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