Mãos que transformam ideias em obras de arte

Monumentos criados pelo escultor Marcos “Daty” de Oliveira se espalham por diversas cidades


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Foto: Alício de Assunção

Quem circula nas proximidades do travessão no Bairro Conventos, nos limites entre Lajeado e Forquetinha, não imagina que a poucos metros da estrada empoeirada, numa antiga casa construída no estilo enxaimel, onde residiam descendentes de imigrantes alemães, surgem ideias que se transformam em peças, algumas com mais de três metros de altura e que se espalham por dezenas de cidades no país.

Num atelier que serve também como residência, as mãos e mente do escultor Marcos Datsh de Oliveira, de 59 anos, se inspiram para produzir peças como o Monumento ao Churrasqueiro em Nova Bréscia, sua primeira obra de concreto, feita 1989 e que se transformou em atração turística na cidade. Depois vieram outras tantas como como o Monumento à Santa Rita em Balneário Pinhal, São Vendelino, dos Imigrantes em Lajeado, Açorianos em Taquari e até mesmo fora do Estado como em Lucas do Rio Verde em Mato Grosso, numa referência ao porco, já que a cidade é a maior produtora de suínos do mundo.

No interior de Marques de Souza estão obras como os monumentos da Laranja, Bergamota, Colono Italiano e N.S. de Lourdes. Seu apreço pelas artes vem de família, afirma Daty, como é conhecido o artista. “Desde pequeno observava o trabalho de meu avô, que era marceneiro. Achava interessante o que ele produzia. Mas foi aos 16 anos de idade, durante as aulas de Técnicas Indústrias frequentadas nos Colégios Alberto Torres e Castelo Branco em Lajeado, que surgiu minha primeira produção, um anjinho talhado em madeira”, conta.

Uma relíquia que guarda com muito carinho até hoje em seu atelier e faz questão de mostrá-lo aos visitantes. Na época tentou também desenvolver algo em argila mas não gostou, direcionando suas produções em concreto para os monumentos maiores ou utilizando pedras de arenito e basalto para pequenos adereços.

Se definindo como autodidata, já que não tem formação na área, Daty diz que suas inspirações vem do abstrato, uma percepção dos sentidos, tanto quanto para as figuras dos monumentos, quanto a pequenas imagens criadas em pedras de cascalho, encontradas em abundância nos mananciais pela região.

“Observo cada pedra, imagino toda a trajetória desse material que vem rolando pelas águas e aí resulta em algo que chama a atenção das pessoas.” Quanto aos monumentos, Daty pesquisa e reproduz algo que se relacione a história das comunidades. Em média suas obras levam cerca de três meses para serem concluídas.

Algumas são feitas no atelier mesmo e depois transportadas até as cidades. Outras, em função de tamanho e peso, são erguidas no local onde ficarão fixadas, como a montada na praça em frente à igreja católica de Venâncio Aires. Além de sua contribuição com a arte, Daty vê no trabalho uma forma de incrementar o turismo regional, em função dos monumentos se transformarem em atrativos nas cidades. O mais novo projeto ainda está no “forno”, mas pretende criar algo inédito no Estado: Um museu a céu aberto! E que poderá ser em Lajeado.

Seu atelier e moradia também viraram ponto de visitas, recebendo pessoas até do exterior, curiosas pelas suas criações, algumas em construção podem ser vistas no pátio. “Confesso que não é fácil viver como escultor, a cultura é pouco valorizada no Brasil, mas para quem já enfrentou um câncer e pretende deixar um legado, isso se torna uma filosofia de vida”, comenta.

Texto: Alício de Assunção
turismo@independente.com.br


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