“Não podemos ser reativos, temos que ser proativos” no combate ao crime, afirma promotor

Carlos Augusto Fiorioli diz que três organizações criminosas da Região Metropolitana atuam no Vale. Em Lajeado, segundo ele, seriam cerca de 150 bocas de fumo mapeadas pela polícia


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Promotor Carlos Augusto Fiorioli (Foto: Tiago Silva)

Após a circulação de um vídeo com membros de uma facção afirmando que atuariam como uma milícia na “segurança” de um bairro em Lajeado, e a prisão de quatro pessoas envolvidas nos crimes associados à gravação, o diretor das promotorias de Lajeado, Carlos Augusto Fiorioli, afirmou ao Redação no Ar desta sexta-feira (29) que os órgãos e agentes de segurança pública devem atuar proativamente, e não somente de forma reativa.

“Temos equipamentos, maravilhosos policiais, gente comprometida, só que não podemos ser reativos. Temos que ser proativos. O Vale do Taquari sempre venceu todas as suas demandas dessa forma”, pontua. Para Fiorioli, a rápida reação “demonstra que somos muito bons para reagir”. “Agora temos que provar que somos bons para nos antecipar”, defende.


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Segundo o integrante do Ministério Público, a região tem agentes públicos desejosas em prestar um melhor serviço público, mas sempre correndo atrás do crime. Por isso ele propõe cada vez mais integração para enfrentar os desafios da segurança pública.

“A maior preocupação é nós não deixarmos as organizações criminosas cooptarem esses jovens que hoje estão sem oportunidades”, entende. Segundo Fiorioli, hoje três organizações criminosas de Porto Alegre e Região Metropolitana atuam no Vale do Taquari e veem o crime como um negócio. Essas organizações espraiam seus braços para o Vale em função de sua localização estratégica e fácil acesso pela BR-386. Só em Lajeado, há cerca de 150 bocas de fumo mapeadas pela polícia, o promotor compartilha.

Fiorioli rebate a argumentação da milícia de que vai oferecer “segurança” onde atua. Segundo ele, a segurança é atribuição do braço policial do Estado. No entanto, o promotor reconhece que o sistema de organização das polícias no Brasil é “arcaico”.

De acordo com ele, as polícias atuando de forma separada, com uma militar e uma civil, cada uma com sua hierarquia e atribuições particulares, “não é o tipo de polícia que se quer num Estado moderno”. Fiorioli defende a integração para uma polícia única, de ciclo completo. Na sua visão, os resultados são melhores quando há integração e atuação focada na repressão e prevenção.

Fiorioli pede que os chefes policiais, aqueles que lideram a Secretaria de Segurança Pública e os membros do Ministério Público e do Poder Judiciário atuem afinados. Ele solicita também que a comunidade não se furte de prestar informações relevantes que possam auxiliar a polícia na prevenção e na resolução dos crimes. “Aqui no Vale, quando temos todos os agentes trabalhando muito bem organizados, seguramente nós somos proativos, nós estamos na frente, estamos controlando a organização criminosa”, afirma.

“A violência contra a pessoa é inadmissível, é inadmissível que nós não tenhamos controle e que venham adolescentes e jovens da Região Metropolitana para cometer delitos no comércio daqui. É inadmissível que nós tenhamos altos índices de homicídios”, sustenta.

Texto: Tiago Silva
web@independente.com.br

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