Nem sempre conseguimos aproveitar as oportunidades que a vida apresenta

Confira o comentário da jornalista, psicóloga e psicanalista clínica, Dirce Becker Delwing.


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Desde criança, sou fã do cantor Roberto Carlos. Quando era adolescente, tinha até foto dele, na verdade, uma folha de revista grudada na parede do meu quarto. Conto isso para você compreender melhor o que vou relatar a seguir. A minha família estava de férias no Rio de Janeiro quando decidimos visitar a Urca, bairro onde Roberto Carlos reside e, também, vários outros cantores que eu admiro, como Lenine por exemplo. Contudo, naquele dia, tínhamos um destino certo.

Assistir à missa na igreja da Urca, que fica bem ao lado do prédio onde o cantor reside, no Golden Bay, 818. Moradores das imediações haviam dito que, no domingo de manhã, era comum encontrar Roberto Carlos participando da celebração religiosa. Por um instante, cheguei a me inquietar com o valor que atribuímos aos ídolos desse mundo, uma vez que, naquele dia, a nossa ida à igreja estava muito mais relacionada à tietagem do que ao sentido cristão que a missa representa.


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Entrei na igreja fazendo uma varredura com os olhos porque imaginei que o astro poderia estar fantasiado. Sentamos na segunda fila, bem próximo ao altar. Assim que nos acomodamos no banco, a freira que cuidava da liturgia da Paróquia cutucou no meu braço, alcançou um folheto da programação litúrgica e questionou se eu poderia fazer uma das leituras. Orientou que, no momento certo, deveria me dirigir até o altar, me virar para o público e, junto ao microfone, proclamar a Palavra do Senhor.

Senti uma faceirice antecipada só de pensar que, por alguns minutos, poderia ver Roberto Carlos bem de frente. Mas, minha alegria durou muito pouco. Logo depois de sinalizar com a cabeça que faria a leitura, lembrei-me que não havia levado meus óculos, o que impossibilitava que eu enxergasse as minúsculas letras impressas naquele folheto.

Por um instante cheguei a pensar que poderia ser uma espécie de puxão de orelhas da Divindade diante do objetivo mundano que me levava à igreja na manhã daquele domingo. Mas, como não acredito num Deus que castiga, em momento seguinte, interpretei a situação como uma espécie de falta de sorte. Afinal, a vida é cheia de surpresas e imprevistos, bons e ruins. Nem sempre conseguimos aproveitar as oportunidades que aparecem na nossa frente.


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