Ciclista de Lajeado pede inserção de ciclovias no projeto de concessão do Estado: “não esqueçam da gente”

Carlos Killing (56) participou de audiência pública em Encantado e falou sobre o tema


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Killing ressalta que o pedido não é para fazer a rodovia e já ter uma ciclovia, mas sim, ter o projeto previsto em contrato (Foto: Gabriela Hautrive)

Desde que foi lançado, em junho deste ano, o projeto de concessão de rodovias do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, está sendo debatido pelo fato de autoridades e população do Vale do Taquari não concordarem com muitos pontos da concessão, principalmente no que diz respeito a localização de pedágios, sistema de outorga e tempo de discussão do projeto. Em audiência pública realizada na noite desta segunda-feira (30), no auditório do Sicredi, em Encantado, com organização da Comissão de Assuntos Municipais da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Eduardo Loureiro, autoridades rejeitaram o modelo de pedágio, apresentando sugestões para ERS-130.

Audiência pública realizada na noite desta segunda-feira (30), no auditório do Sicredi, em Encantado (Foto: Márcio Bosa / Divulgação)

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Além disso, outro assunto ganhou espaço: a falta de inserção de ciclovias no projeto. O ciclista lajeadense, Carlos Killing, de 56 anos, que desde criança pratica o esporte, participou do encontro e falou sobre o assunto. Em entrevista para reportagem da Rádio Independente nesta terça-feira (31), ele disse que através do presidente da Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales), Leandro Arenhart, conseguiu espaço para expor suas ideias sobre a questão de ciclovias no Vale do Taquari. “Não queremos ciclovias para amanhã ou depois, não podemos esperar 30 anos para que o assunto volte à tona. Nossa participação foi no sentido de dizer o seguinte: não esqueçam da gente, coloquem dentro da concessão que algum momento vão ter que fazer ciclovias”, relata.

Carlos Killing, de 56 anos, vai ao trabalho de bicicleta todos os dias (Foto: Gabriela Hautrive)

O ciclista diz que, saindo do Bairro Floresta, em Lajeado, e indo até o Bairro Aimoré, em Arroio do Meio, é tudo perímetro urbano, em ambos os lados da pista, porém não há condições para tráfego. “Nós temos ali a BR-386, entrada de vários bairros da cidade e de Arroio do Meio, mas é impossível alguém pedalar por um lugar sem uma estrutura mínima de segurança”, pondera.

Killing lamenta o fato de que na duplicação da BR-386 ninguém tenha falado sobre o assunto, e por isso considera tão importante as manifestações neste momento. “O modelo de concessão rodoviário que está sendo feito aqui é um modelo de 50 anos atrás. Em São Paulo, na região de Ribeirão Preto, já existe uma concessionária, Entrevias, que conseguiu 570 km de concessão e lá já tem projeto de 80km de ciclovias”, cita.

Killing ressalta que o pedido não é para fazer a rodovia e já ter uma ciclovia, mas sim, ter o projeto previsto em contrato. “Para lá na frente ninguém tomar um susto quando a concessionária pedir um aumento de tarifa por conta de uma ciclovia que vai ter que ser feita”, destaca. Ele não representa nenhuma entidade da região, porém, entende que sua demanda seja a mesma de muitas outras pessoas que circulam de bicicleta pelo Vale do Taquari. “Tenho certeza que tem muita gente que pensa igual, que gostaria de ir trabalhar de bicicleta. Eu vou até meu trabalho todos os dias, porque tenho uma condição boa, moro perto e tenho um horário flexível, sem contar que é mais perto vir de bicicleta do que de carro, e ainda não preciso pagar o estacionamento rotativo”, conta.

O ciclista reside no Bairro Moinhos e seu trabalho é na área central de Lajeado, em um percurso que faz em cerca de 6 minutos. Ele pratica o esporte desde criança, incentivado por seu pai. Percorre 5 mil km por ano, desde 2014, já foi para o Uruguai pedalando, fez 300 km em apenas um dia e 600 km em um final de semana e se considera um verdadeiro apaixonado pelo ciclismo.

Projeto de concessão do governo do Estado

No projeto de concessão de rodovias do Governo do Estado do Rio Grande do Sul estão previstos investimentos de R$ 10,6 bilhões nos 30 anos das concessões, sendo R$ 3,9 bilhões somente nos cinco primeiros anos. As estradas foram divididas em três lotes, e o critério adotado para a divisão focou em proximidade geográfica, lotes viáveis sob forma de concessão comum e extensão capaz de atrair o maior número de investidores. A expectativa é de que o edital seja publicado até o fim de setembro.

Texto: Gabriela Hautrive
reportagem@independente.com.br

1 comentário

  1. Sou ciclista e a gente é invisível no trânsito.
    Parabéns ao Killing. É isso aí. Não esqueçam da gente.

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