“O coraçãozinho dele ainda está pulsando em alguém”, diz pai que perdeu filho doador de órgãos

Bom-retirense de 23 anos teve morte cerebral na quarta-feira (26) e com um helicóptero seus órgãos foram transportados às pressas a Porto Alegre, enquanto um paciente já esperava por um coração.


0
Foto: Júlio César Lenhard

Uma notícia que trouxe tristeza e uma atitude que trouxe orgulho. É uma das formas de resumir em uma frase a vida de Alan Gasparetto, o jovem de 23 anos que após um acidente vascular cerebral acabou falecendo nesta quarta-feira (26) no Hospital Bruno Born em Lajeado. A tristeza do pai de oito filhos, que dois dias passados da perda de um deles, nos recebe e conta com lágrimas nos olhos a trajetória do seu filho que tinha o desejo de ser doador de órgãos, o que foi atendido pela família.


OUÇA A REPORTAGEM


Luiz Antônio Gasparetto (68), é pai de Alan e trabalha há mais de três décadas com esporte na sua cidade, Bom Retiro do Sul, sendo conhecido pela comunidade por Itinho. Ele nos recebe no início da manhã com emoção em seu local de trabalho, na sede da Secretaria de Esportes e Lazer da cidade, onde marcamos o encontro. Ao olhar a fotografia do filho em um documento, se emociona, e conta que o rapaz era uma pessoa exemplar, e assim como todos os seus filhos enchia de orgulho a família. “Ele era um rapaz que nunca teve uma reclamação na escola, assim como os outros filhos me dava muito orgulho e o desejo de querer doar os órgãos mostra a pessoa que ele era pois sempre procurava ajudar quem precisava, muitas vezes sem contar para ninguém.”

O orgulhoso pai, juntamente com a esposa e seus sete filhos tomaram uma atitude em homenagem ao membro da família que partiu. Eles também decidiram ser  doadores de órgãos. “Saber que o coraçãozinho dele está pulsando em uma outra pessoa significa que, de uma certa forma, o meu filho está dando vida a ela, será uma pessoa com um bom coração saudável e com muito amor porque ele também tinha”, afirma o pai, que acrescenta que o filho serve de exemplo para todos familiares.

Itinho diz que a família não tem o interesse em saber quem são as pessoas que receberam os órgãos de seu filho, pois o que o conforta é saber que outro ser humano está sendo ajudado. Além do coração, dois rins e o fígado foram doados.

O transporte foi feito por um helicóptero da Brigada Militar que esteve em Lajeado e utilizou dessa logística para as peças o coração chegar a capital gaúcha para imediatamente ser implantado em outra pessoa, o que chamou a atenção da população e trouxe a curiosidade de saber de quem se tratava.

Em um apelo o pai do jovem bom-retirense disse que se pronuncia, não para promover a atitude do filho, mas para para incentivar as famílias a conversarem com seriedade sobre o assunto doação de órgãos, pois entende ser um gesto muito bonito e de amor ao próximo.

Texto: Júlio César Lenhard

Jovem de 23 anos teve morte cerebral na quarta-feira (26).

DEIXE UMA RESPOSTA

Digite seu comentário!
Por favor, coloque o seu nome aqui