O exemplo do outro pode ser um incentivo para o autocuidado

Confira o comentário da jornalista, psicóloga e psicanalista clínica Dirce Becker Delwing.


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Foto: Dirce Becker Delwing

Geralmente olho para meus pés quando vou ao salão de beleza para fazer as unhas, quando passo uma lixa no calcanhar ou se estou com algum calo por conta de um calçado apertado. Fora isso, não estou nem aí pra eles. E não é que não tenha infraestrutura para o devido cuidado. Potes de cremes específicos para essa parte do corpo repousam sobre minha penteadeira.


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Meus pés são aquele trabalhador que realiza um trabalho imprescindível na empresa, mas que não é lembrado com frequência. Quase sempre é referido se há algum interesse estético de mostrar sua contribuição, ou para reclamar quando aconteceu algum erro. Meus pés são aquele profissional que exerce atividades fundamentais para o funcionamento das cidades, mas que nem sempre tem o devido reconhecimento. Quando você presta atenção no carteiro? No lixeiro? No varredor de rua? No eletricista que troca as lâmpada da iluminação pública? No condutor de transporte coletivo, no motorista de taxi, ou de aplicativos de viagem? Bem possível, você lembra deles com o devido valor quando essas atividades estão paralisadas. De forma semelhante, meus pés chamam minha atenção somente quando estão inflamados e sinto um dos 26 ossinhos que constituem cada pé, ou se estiver com um músculo ou tendão distendido.

Preciso lembrar que meus pés também são puxadores de carros alegóricos quando exibem os tênis All Star que, em alguma medida, me asseguram jovialidade. Ao menos era isso que prometia a cantora Tina Turner no comercial de TV que fazia para a marca na década de 1980. All Star is Young, dizia ela. Meus pés, esses trabalhadores incansáveis, recentemente, tiveram seu dia de sorte quando encontrei a Gere na podóloga. Desde então, temos enviado fotos, uma para a outra, do momento em que zelamos pelos nossos pés. O fato é que a companhia de alguém, com objetivo semelhante, pode favorecer a mudança, ou o cuidado. O exemplo do outro pode ser um incentivo e até mesmo, se baixarmos a guarda, servir como uma espécie de puxão de orelhas. Aliás, isso é fundamental neste momento que estamos vivendo. Nesse sentido, proponho que, de forma semelhante como fiz com a Gere, enviemos fotos, uns para os outros, de medidas preventivas que estamos tendo em relação à Covid.

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