“O modelo vai ser recalibrado”, diz engenheira hidróloga sobre medição eletrônica do Rio Taquari

Andrea Germano classifica a maior cheia em 64 anos como um “evento atípico”, “inédito”, “ímpar na bacia do Rio Taquari”.


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Foto: Divulgação

A engenheira hidróloga do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) Andrea Germano afirmou nesta quarta-feira (15), em entrevista ao programa Redação no Ar, que o modelo eletrônico de medição do Rio Taquari será recalibrado após duas cheias em uma semana, sendo uma delas a maior em 64 anos, quando atingiu 27,39 m em Estrela.

“O que a gente quer, sempre, é melhorar o sistema. A gente aproveita os exemplos ocorridos para a calibragem do próprio modelo. Com certeza, agora o modelo vai ser recalibrado. Vamos estudar novamente os dados e tudo o que aconteceu e vamos chegar, futuramente, a resultados melhores, com certeza”, assegura.


ouça a entrevista

 


O modelo de medição eletrônica na bacia do Rio Taquari é um entre os 16 sistemas implementados em todo o país pelo Serviço Geológico do Brasil. Na região, o modelo foi estruturado a partir de 2013 e foi implementado em 2015. Um sensor capta a medida e envia os dados por satélite.

Quando o nível do rio chega à cota de 15 metros no Porto de Estrela, o sistema começa a emitir boletins de alertas, com previsões de 6 a 12 horas. A plataforma foi questionada nas duas enchentes em função da demora na transmissão dos dados e em relação às previsões feitas. Em nota oficial, a Prefeitura de Lajeado diz que os boletins “apresentavam previsões que se mostraram com grande margem de erro em diversos momentos entre os valores previstos e ocorridos”.

As 9h do dia 8 de julho, o CPRM projetava uma cheia de 23,95 m a 24,35 m, sendo que naquela hora o nível do rio já estava em 24,8 m. As 17h, a cota já estava em 26,43 e a projeção estipulava uma elevação de 26,95 e 27,35. E as 21h, quando o Taquari estava na cota 27,10 m, a projeção do serviço geológico indicava uma cheia de 27,63 m a 28,03 m. Já na madrugada do dia 9, às 2h, o rio atingiu o pico de 27,39 m.

“As previsões hidrológicas, na realidade, são como prever a chuva. É a mesma magnitude. São previsões hidrológicas”, pondera Andrea. Ela classifica a primeira cheia como um “evento atípico”, “inédito”, “ímpar na bacia do Rio Taquari”. “A gente não tinha calibrado os modelos para um evento deste tipo, deste porte”, admite.

Encantado

Sobre os problemas com a medição em Encantado, na parte alta da bacia do Taquari, a engenheira hidróloga Andrea Germano pondera que “a gente depende dessa janela de satélite”, ao falar no delay de informações.

Ela explica que o sistema ficou sem transmitir via satélite por cerca de quatro horas durante a madrugada do dia 8 para 9 de julho (quarta para quinta-feira). Já por volta das 8h, “o satélite descarregou tudo no sistema”. Em outros momentos durante a cheia, o sistema também apresentou oscilações.

A profissional do Serviço Geológico do Brasil pondera que “se o site não tem o dado do momento, tem o boletim com a previsão”. “A gente não fica descoberto de informações.”

Saiba mais

O Serviço Geológico do Brasil é uma empresa pública, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, e objetiva gerar e disseminar conhecimento geocientífico. Seu portal com as informações é www.cprm.gov.br.

2 Comentários

  1. porque ela não admitiu que o sistema e uma previsão e previsões pode não acontecer ,e como todo sistema pode falhar ,eu tbm não sei porque as autoridades de Lajeado e região ficam dependendo de um sistema eletrônico ,se tinham uma medida aqui na régua no porto de Estrela que sempre foi as certas ,e tava chovendo muito lá em cima já e um bom aviso de uma grande cheia, agora toda chuva em grande quantidade vão sempre esperar um sistema de planos de nível hidrologicos para evacuar as casas .

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