“O povo do meu país é muito inteligente”, diz empresário haitiano

No dia da imigração, costureiro que empreendeu em Lajeado fala sobre mudança de país, e dificuldades que estrangeiros passam.


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Foto: Júlio César Lenhard

Nesta quinta-feira (25) foi comemorado o dia do imigrante. A data foi escolhida para coincidir com o fim das celebrações da semana da Imigração Japonesa, iniciada no dia 18 de junho. A imigração constituiu-se como um traço importantíssimo para a formação da sociedade brasileira. As sucessivas chegadas de imigrantes tornaram o Brasil um dos países com maior diversidade cultural no mundo.

O Vale do Taquari tem em sua história e sua sociedade atual, grande marcas da Imigração. Além dos imigrantes alemães e italianos, que já são celebrados a mais de um século de forma muito tradicional, imigrantes mais recentes, vindos de outros países, de certa forma resgatam a sina da região em receber estrangeiros para morarem por aqui.


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É o caso de Joel Eraus (37), que veio do Haiti. Ele conta que uma das dificuldades que o estrangeiro encontra é o idioma, mas ressalta que o povo haitiano é muito inteligente. “É uma dificuldade , mas o haitiano é inteligente, no nosso país temos que aprender quatro idiomas, mas se destacam o crioulo e o francês, além do espanhol e o inglês, tivemos que aprender o português agora também”.

Joel é costureiro, tem seu estabelecimento na área central de Lajeado e está a sete anos no Brasil. Ele diz que as condições de vida no Brasil são melhores do que as que ele encontrava em sua terra natal, mas que já foram melhores quando chegou, especialmente para enviar recursos para seus familiares, ou mesmo visita-los. Ele explica o porquê da escolha do Vale do Taquari “Cheguei a morar em Estrela, depois vim para Lajeado, vim para a região pois um cunhado já estava por aqui, e é fundamental ter alguém já ambientado com o povo daqui para que a adaptação ocorra melhor.”

O Ministério da Justiça e Segurança Pública, em relatório revela que de 2010 a 2019 foram registrados no Brasil 774,2 mil imigrantes, considerando todos os amparos legais. Desse total, destacam-se 395,1 imigrantes de longo termo (cujo tempo de residência é superior a um ano), composto principalmente por pessoas oriundas do hemisfério sul. Ao longo da série, os haitianos figuram como a principal nacionalidade registrada no Brasil e no mercado de trabalho brasileiro.

Os nacionais da Venezuela, fluxo migratório que teve crescimento exponencial a partir de 2016, obtiveram o primeiro lugar em número de registros no país em 2019. Outras nacionalidades do hemisfério sul também tiveram destaque ao longo da série: bolivianos, colombianos, argentinos, chineses e peruanos, entre outras.

Texto: Júlio César Lenhard
redacao@independente.com.br

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