O segredo da receita pode estar no tempero das palavras

Como disse certa vez o físico, teólogo e matemático francês Blase Pascal (1623 a 1662): “Ninguém é tão sábio que não tenha algo pra aprender e nem tão tolo que não tenha algo pra ensinar”.


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Foto: Ilustrativa

Enquanto temperava o feijão, lembrei-me da dona Eni Massari Ritt, que faleceu no último sábado. Era esposa do nosso saudoso colega Norberto Ritt. Na verdade, sempre lembro dela na hora em que desligo o fogo que aquece a panela de pressão. Faz alguns anos, encontrei Dona Eni na portaria da rádio. Ficamos conversando por um bom tempo. Daquele dia, guardei o relato que ela fez sobre a forma como temperava o feijão.


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Por esses anos todos, tento imitá-la. Nunca comi o feijão da Dona Eni, contudo, na hora em que descasco os quatro dentes de alho para fazer o tempero que aprendi naquela ocasião, me imagino servindo um prato bem generoso com comida feita por ela. Acredito que guardei a conversa com cuidado especial porque Dona Eni falava carinhosamente sobre a forma como cozinhava. Usava palavras no diminutivo para conferir delicadeza e mimo ao alimento.

Há pessoas que ficam no nosso coração para sempre porque nos ensinaram algo que usamos de forma muito prática no nosso cotidiano. Há pessoas que chegam na nossa vida para nos ajudar num momento de apuros, ou para nos mostrar o quanto somos especiais e únicos. Como gente é gente, há também aqueles que passam pelo nosso caminho para nos ensinar como não devemos ser. Contudo, cabe a cada um de nós escolher para onde olha.

Você pode se concentrar nas fragilidades alheias, no entanto, encontrará muito mais significado nas relações que estabelece se voltar seus olhos para as virtudes daqueles que estão perto de você. Como disse certa vez o físico, teólogo e matemático francês Blase Pascal (1623 a 1662): “Ninguém é tão sábio que não tenha algo pra aprender e nem tão tolo que não tenha algo pra ensinar”.

Por Dirce Becker Delwing, jornalista, psicóloga e psicanalista clínica

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