Os dirigentes de futebol pelo interior precisam de ajuda

Confira a opinião da coluna do narrador Moisés Ely.


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O futebol do interior está agonizando, os times que disputam a Divisão de Acesso vivem um drama gigantesco. São raros os dirigentes que aprovam o retorno do certame em 2020, todos estão numa encruzilhada. Aquele que decidir pelo retorno sabe que provavelmente o clube não terá condições de arcar com os gastos da folha de pagamento de jogadores, viagens e cumprimento do protocolo proposto de Federação Gaúcha de Futebol.

Caso o cancelamento do campeonato seja confirmado, os clubes terão de lidar com uma enxurrada de ações trabalhistas de funcionários, jogadores e comissão técnica. Com base nisso, a decisão torna-se difícil e muito dolorosa para direções e conselheiros dos clubes.

Se a Divisão de Acesso voltar a ser jogada, o presidente e mais meia dúzia de abnegados de cada clube do interior farão das tripas coração para pagar os custos. Se o dirigente votar pelo cancelamento, os jogadores que recebem em média 1,5 mil reais por mês no interior estarão lascados pro resto do ano, pois ficarão muito tempo sem rendimento.

Pensando no aspecto administrativo, seria prudente voltar ano que vem, mas e as pessoas e as famílias que vivem do futebol, e os sonhos de jovens jogadores, dos técnicos que se lançam nesse mercado tão concorrido, como ficam?

É triste, é melancólico. O futebol é uma paixão gigante, o povo brasileiro é o mais apaixonado do mundo por este esporte. Mas além da paixão do torcedor, existem pessoas, profissionais, que passam uma vida se dedicando a esse esporte. São humanos que parecem máquinas programadas para viver e respirar futebol dia após dia, segundo a segundo.

Essas figuras carimbadas do interior gaúcho não sabem fazer outra coisa, elas vivem ao redor do campo, daquela comunidade, e nunca imaginaram largar o futebol. São profissionais apaixonados e mal remunerados, que recebem atrasado quase todos os meses do ano, mas não desistem nunca. Caras como o lendário jogador e atual técnico Gelson Conte, o presidente do Lajeadense, Alexandre Sebben, o técnico Benhur Pereira, o técnico Sérgio Almeida e o torcedor mais louco e apaixonado por um time do interior que eu conheço, o Estevinho da Fiel Alvi Azul. Esses caras são a resistência, eles são a força do interior, eles se expõem a ponto de vender cachorro-quente e galeto comunitário pelo interior afora, para manter os clubes vivos, e lutam como leões para que o interior siga respirando.

Em reunião de condomínio é comum falar: alguém tem que fazer alguma coisa urgente. E é isso que o futebol do interior precisa, de um exército de pessoas com cabeça arejada e com boas intenções para sairmos desse atoleiro financeiro que vivemos em meio à pandemia.
Essa meia dúzia de dirigentes apaixonados pelos seus clubes não resistirá sozinha. Eles são heróis, mas precisam de ajuda, pois já fizeram muito pelo futebol e agora precisamos fazer por eles.

Por Moisés Ely 

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