Ou você tem uma estratégia, ou você faz parte de uma

Em qual você se encaixa?


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Gustavo Bozetti, diretor da Fundação Napoleon Hill e MasterMind RS (Foto: Tiago Silva)

Todas as pessoas que possuem um pouco de coerência e visão, sabem que frequentemente estamos sendo submetidos a projetos de poder. Estes projetos podem se revelar em famílias, empresas, entidades, cidades, estados… Projetos bem sucedidos de poder são estudados faz milhares de anos, desde Sun Tzu, passando por Maquiavel, até os tempos atuais. Hoje comento sobre alguns destes ensinamentos.

Um dos aspectos que mais me chamam a atenção é que o líder precisa conhecer muito bem a natureza humana e sua semelhança com os animais, uma vez que temos instintos primitivos que se assemelham uns aos outros. Houve, certa feita, um cidadão que observava uma raposa ferida e concluiu que ela morreria rapidamente em função da gravidade de seus ferimentos. Porém, os dias foram passando e a raposa ferida ainda sobrevivia. Intrigado, o cidadão passou a observar o que estava mantendo a raposa viva, apesar dos ferimentos.

Foi quando o cidadão percebeu que, de tempo em tempo, um leão se aproximava e, ao invés de comer a raposa ferida, alimentava-a dando comida em sua boca. O leão generoso era o responsável por prolongar a vida da raposa ferida. O cidadão, observando aquela situação por um bom tempo, decidiu seguir o gesto da raposa ferida e passou a pedir esmola no lugarejo onde vivia. Anos se passaram até que, arrependido de ter vivido uma vida na mediocridade, o cidadão aconselhou-se com um sábio guru da região. Ao relatar sobre o que havia feito aquele cidadão viver como raposa ferida, o sábio guru perguntou por que ele não optou por ser a raposa ferida, e não o leão generoso?

Há muitas pessoas que se escondem atrás de pequenas dificuldades, usando-as como forma de querer tirar vantagem de determinada situação. Na obra “O Príncipe”, Maquiavel (1469-1527) diz que o poder requer que as pessoas saibam lidar com leões e com raposas. Raposas são astutas, espertas, reconhecem as armadilhas escondidas pelo caminho. Porém, as raposas são presas fáceis para os lobos que habitam entre nós. Leões, os reis da selva, amedrontam e afugentam estes lobos, preservando a saúde das raposas, mas não reconhecem as armadilhas do caminho. Raposas e leões andam juntos pois um protege o outro. Este instinto fez o leão generoso alimentar a raposa ferida.

Projetos de poder revelam raposas e leões andando juntos, fugindo das armadilhas e afugentando os lobos perigosos. Pessoas são usadas o tempo todo por outras pessoas que dominam as estratégias de poder. Por vezes, algumas famílias são constituídas de raposas feridas e leões generosos. Empresas, cidades, instituições, todos estão sujeitos aos jogos de poder. Quando temos consciência desses movimentos, conseguimos nos posicionar da melhor maneira neste tabuleiro, tomando decisões mais sábias e colhendo resultados destas decisões. O problema é que, na maioria das vezes, pessoas boas são usadas como massa de manobra por outras pessoas cheias de más intenções, sem saber que tudo é, apenas, jogo de poder. Quanto maior for o número de pessoas conscientes sobre estes movimentos, maiores serão as chances de êxito daquela determinada população. Na vida, ou temos uma estratégia ou somos parte de uma.

Hoje é feriado de Tiradentes, personagem importante da Inconfidência, marcado pela revolta contra o “quinto dos infernos”, impostos de 20% pagos para a coroa portuguesa (1792). Atualmente, pagamos o dobro dos imposto que são distribuídos entre raposas e leões mau intencionados que nos governaram por anos. É impressionante como nós, cidadãos de bem, toleramos isso sem promover um levante ordeiro. Somos massa de manobra em um país que tem tudo para ser o grande farol do século, porém permitimos que outros decidam por nós o nosso futuro, servindo-se sem constrangimento de um povo amedrontado.

Para finalizar, jamais abra mão do seu caráter por uma estratégia de poder. Fique atento sobre as verdadeiras intenções das pessoas que te cercam e lembre-se que sempre existe uma estratégia. Ou você faz parte de uma, ou você tem a sua. Forte abraço e até a vitória, sempre.

Texto por Gustavo Bozetti (@gustavobozetti), diretor da Fundação Napoleon Hill e MasterMind RS

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