Há alguns dias, eu passava de manhã cedinho em frente a uma fábrica de móveis aqui em Lajeado e uma cena me chamou atenção. Os funcionários estavam sentados num círculo conversando animadamente. Olhei a hora, eram umas 7h10, como eles pareciam bem à vontade no bate-papo, supus que o horário de início do trabalho devia ser 7h30. E o que eles faziam ali tão cedo? Por que chegar 15 ou 20 minutos antes?
Talvez porque aquele seja o momento que eles aproveitam para nutrir a alma antes de se entregarem aos seus afazeres. Quantas e quantas vezes ouvimos alguém dizer que são os colegas que lhe mantém no emprego. Pode ser que o serviço seja maçante, que o salário deixe a desejar, que o horário atrapalhe a rotina, ou que o chefe seja chato; mas em compensação, tem os colegas! Sim, os colegas, com suas características tão singulares.
Esses grupos, em geral, têm as figuras clichês: o simpático, aquele que não precisa nem abrir a boca pra arrancar um sorriso da gente; o reclamão, que nunca está satisfeito com nada; o piadista, que costuma ser até mais engraçado do que as piadas que conta; o intelectual, que sempre traz uma explicação; o fofoqueiro, que atualiza o grupo dos últimos acontecimentos relacionados a outras pessoas; o filósofo, que adora uma reflexão; o que sabe tudo, ou pensa que sabe; o desastrado, que cai, derruba as coisas; o sensível, que fica chateado facilmente; o problemático, que sempre tem alguma tragédia pessoal pra contar pra turma, e por aí vai.

Também pode ser que essas características estejam misturas, afinal, não precisamos ser tão óbvios. O fato é que cada um, mesmo com suas chatices de estimação, ocupa um lugar imprescindível na química do grupo.
Na minha história profissional, encontrei pessoas incríveis, colegas que se tornaram melhores amigos e amigas, muitos dos quais permanecem em minha vida depois de anos. E as melhores memórias sempre são com eles.
Carlos Drummond de Andrade disse que a amizade é um meio de nos isolarmos da humanidade cultivando algumas pessoas. Que privilégio poder encontrar na correria do trabalho alguns bons parceiros de jornada. Ah, tem dias que só os colegas salvam!