Prefeitura desiste de instalar camelódromo em Lajeado

Decisão partiu de reunião na tarde desta segunda-feira (21), em que o Fórum das Entidades anunciou posição contrária.


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Tema voltará a ser discutido em reunião, na próxima quarta-feira, 21 de setembro (Foto: Natalia Ribeiro)

Depois de receber a contrariedade do Fórum das Entidades Empresariais e Sociais de Lajeado, a Prefeitura decidiu suspender a ideia de instalar um camelódromo na cidade. A definição partiu de encontro com o grupo de empresários e representantes das entidades envolvidas, ocorrido na tarde desta segunda-feira (21), na sede do Poder Executivo municipal. Mesmo assim, o tema continuará sendo debatido.


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Foi estabelecida uma comissão para dar sequência ao tema, que não é novo em Lajeado. Os últimos anos foram marcados por discussões envolvendo os ambulantes. Na avaliação do prefeito Marcelo Caumo o número de camelôs na região central de Lajeado diminuiu se comparado com o que era visto em 2016. O presidente da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), Cristian Bergesch, pensa o contrário. “Nunca vi tantas pessoas vendendo produtos no Centro de Lajeado”. A entidade é parte do Fórum.

Secretário de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agricultura de Lajeado, André Bücker garante que “é uma situação que já vem de muitos anos. Esses dias olhávamos a capa de um jornal de 1989, que tratava sobre os ambulantes nas ruas de Lajeado”. O camelódromo, segundo ele, foi uma ideia para ser debatida com o Fórum, não uma imposição do governo. “Entendemos que não é algo para a Prefeitura decidir. É uma questão de planejamento de cidade”, colocou.

Para a comissão já estão definidos quatro integrantes da Prefeitura: o prefeito Caumo, secretário de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agricultura, André Bücker, de Planejamento e Urbanismo, Giancarlo Bervian, e de Segurança Pública, Paulo Roberto Locatelli. Do lado do Fórum há a confirmação do vice-presidente do Sindilojas, Giraldo Sandri, vice-presidente de serviços da CDL Lajeado, Nilton Colombo, presidente do Sindicomerciários, Marco Daniel Rockenbach, mais o vice-presidente de relações com associados da Acil, Rômulo Peixoto Vier.

A primeira reunião do grupo está agendada para as 8h30 da próxima quarta-feira (23), na Prefeitura. Devem participar os integrantes destacados, com o objetivo de sintetizar as demandas e encontrar alternativas para os ambulantes que vendem os seus produtos em Lajeado. Uma das propostas é solicitar o apoio da Receita Federal e da Polícia Federal na verificação da procedência dos produtos – o que não seria competência da administração. Esta é uma das cobranças dos empresários.

Encontro teve duração de aproximadamente uma hora, no Salão de Eventos da Prefeitura (Foto: Natalia Ribeiro)

Saiba mais

Recentemente a Prefeitura de Lajeado procurou o Fórum das Entidades para propor a retomada do debate acerca da instalação de um camelódromo. Na oportunidade sugeriu quatro pontos: Parque Professor Theobaldo Dick, imediações da Praça do Chafariz, Avenida Décio Martins Costa, o Valão, e a Rua Osvaldo Aranha, no antigo Rede Super. Nenhum local foi aceito e a ideia foi rejeitada por unanimidade, principalmente por três aspectos: segurança pública, estabelecimento da ordem econômica e o ecossistema pejorativo para os habitantes.

Há 20 ambulantes em Lajeado, a maior parte com regularização junto da Prefeitura. Para isso, eles pagam taxa, fazem registro como Microempreendedor Individual (MEI) e contribuem com o programa federal. Em 2019 foram alterados artigos da lei que versa sobre estes comerciantes. A principal mudança é a proibição de venda na Rua Julio de Castilhos, Centro. Hoje eles têm permissão para ficar nas vias laterais.

Presidente do Sindilojas, Francisco Weimer, o ‘Kiko’ lamenta o silêncio do tema nos últimos meses, o que, na sua opinião, ocasionou o aumento de ambulantes, de dez para 20. “Vínhamos até dezembro com comissão junto do pessoal da prefeitura, com o antigo secretário Zanatta, do Planejamento. Tivemos mais de dois anos nos reunindo duas vezes ao mês, mas não andou. Mudou um pouco, conseguimos liberar a Julio de Castilhos. A tendência é aumentar, pois Lajeado é uma cidade pujante”.

Para Kiko, o camelódromo não é uma opção viável, muito menos no Parque Professor Theobaldo Dick, no Centro da cidade. “Em primeiro lugar vai oficializar a pirataria. Acho que os Dick não merece isso. Um lugar tão bonito para lazer”. Na reunião desta segunda a Prefeitura informou que buscou informações com o POP Center – Centro Popular de Compras de Porto Alegre – a respeito do camelódromo da Capital. O modelo seria inviável, pois depende de, pelo menos, 200 comerciantes.

Há decreto em vigor que proibe atividades ambulantes nas seguintes vias:

  • Rua Julio de Castilhos, da Rua Marechal Deodoro até a Avenida Benjamin Constant
  • Rua Bento Gonçalves, da Rua Marechal Deodoro até a Avenida Senador Alberto Pasqualini
  • Avenida Senador Alberto Pasqualini, da Avenida Benjamin Constant até a Rua Fábio Brito de Azambuja
  • Avenida Benjamin Constant, desde a Rua Silva Jardim até o viaduto da ERS-130.

Também não podem ser praticadas nas respectivas transversais:

  • Rua Marechal Deodoro, entre as Ruas Bento Gonçalves e Júlio de Castilhos
  • Rua Borges de Medeiros, entre a Rua Bento Gonçalves e Av. Benjamin Constant
  • Rua Júlio May, entre as Ruas Benjamin Constant e Bento Gonçalves
  • Rua Francisco Oscar Karnal, entre as Ruas Benjamin Constant e Bento Gonçalves
  • Rua João Batista de Mello, entre as Ruas Benjamin Constant e Décio Martins Costa
  • Rua Carlos Von Kozeritz, entre as Ruas Benjamin Constant e Júlio de Castilhos.

A proibição se estende na faixa de cinco metros das esquinas com as transversais nas ruas Bento Gonçalves, Julio de Castilhos e Benjamin Constant. Para a exploração do comércio ambulante é necessária a inscrição prévia na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agricultura, onde será confeccionado o alvará do vendedor. Este ainda deverá ser Microempreendedor Individual (MEI).

Texto: Natalia Ribeiro
jornalismo@independente.com.br

2 Comentários

  1. Penso que seria produtivo de alguma forma convidar para essa comissão algum representante dos camelôs, pois estão representados comerciários e governo somente.

  2. Entendo os interesses dos comerciantes, aí tão bem representados por uma gama de instituições e vozes conceituadas. Fico triste pelo nítido desequilíbrio de representação; pela voz muda dos ambulantes, tão somente em virtude do seu lugar de fala – eles não são bons o suficiente para os Dick(?). Achei a afirmação de que o Parque não merece isso extremamente preconceituosa, dirigida a pessoas muito educadas, instruídas e resilientes, que não têm ninguém por eles, senão eles próprios. Não têm direito a serem representados? Muito triste.

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