Produtor de Forquetinha aposta na agricultura sintrópica de alimentos

Sistema estimula novos hábitos e preserva recursos naturais. Cultivo é feito sem uso de agrotóxicos.


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Foto Giovane Weber/FW Comunicação

Couve, alface, beterraba, banana, chás e madeira, tudo produzido em harmonia com a natureza, os seus ciclos e devolvendo ao solo aquilo que produz. Baseado nessa lógica, o produtor Tiago Pretto Benin, ensina e aplica na propriedade em Vila Storck, a técnica da sintropia e, com ela, instiga outros produtores e consumidores a repensarem a sua relação com o ambiente. Toda produção é orgânica e não leva nenhum tipo de agrotóxico. É utilizado esterco, palha, folhas e adubo orgânico. Em plantio associado com árvores, pelo sistema conhecido como agroflorestal. As mudas seguem o ciclo e cada planta só dá fruto na época ditada pela natureza.

Para manter o solo úmido, é utilizada cobertura de folhas e material decomposto. A ideia surgiu em novembro de 2018, quando ele e o amigo Carlos Emilio Vieira da Silva voltaram de Santa Catarina. Ambos conheceram a produção orgânica e o sistema agroflorestal durante a graduação.

Tudo é vendido em feiras do produtor, pelas redes sociais ou entregue diretamente na casa dos consumidores. Conforme Belin, entre as principais vantagens da agrofloresta frente à agricultura convencional, está a recuperação da fertilidade dos solos, fornecimento de adubos verdes, controle de ervas daninhas, com redução de erosão, aumento da infiltração de água. Já o aumento da diversidade de espécies possibilita o controle natural de pragas e doenças, além de criar várias fontes de renda, sejam elas a produção de madeira, frutas, ervas medicinais e hortaliças. “Otimizamos o uso da terra, conciliando a produção florestal e de alimentos, sem degradar o solo”, explica.

Ambos destacam que o principal objetivo do projeto é resgatar o modelo utilizado pelos antepassados, de produzir comida de forma agroecológica sem prejudicar a natureza, regenerar florestas e as áreas degradadas anteriormente.

“Fazemos parte do movimento neo rural, pois não temos parentes envolvidos com qualquer forma de agricultura, mas decidimos abraçar este modo de vida. O Sítio Raízes é uma grande família que tem o mesmo sonho: produzir e consumir alimentos saudáveis”, finaliza.

Controle natural

Conforme Marcos José Schäfer, assistente técnico regional de Manejo de Recursos Naturais, da Emater Regional de Lajeado, é um modo de fazer agricultura em agroflorestas, baseado nos conceitos de Ernst Götsch, em que todos os componentes são considerados um organismo vivo, logo os resíduos de um são a alimentação dos outros, desta forma, não tem se a necessidade de acrescentar nada de fora do sistema.

“Ele próprio manejado pelos agricultores, com podas, introdução de policultivos e demais manejos conseguem fornecer o equilíbrio necessário para a produção de alimentos de forma sinérgica e continuamente”, explica.

Recomenda implantar linhas de árvores com diversos modos de crescimento, privilegiando os que produzem bom material para adubação. Entre as fileiras podem ser cultivadas hortaliças, frutas, raízes e tubérculos. “Esta diversidade favorece o controle fitossanitário, de pragas e doenças de forma natural”.

Conforme o chefe do escritório da Emater, Arthur Eggers, o cultivo agroflorestal e a agricultura sintrópica parte do pressuposto de aproveitar melhor as áreas disponíveis e ser autossuficiente, não depender de adubação externa. “Podemos conciliar várias culturas, sejam folhosas, frutas e reflorestamento. O resíduo de uma cultura alimenta a outra. Preserva o solo e como não usamos químicos, os nutrientes são melhor absorvidos e resultam em alimentos mais saudáveis”, entende.

Solo preservado

Para Schäfer a principal vantagem é a diversidade de espécies numa mesma área, ocupação do solo durante o ano todo, com ampla capacidade de reter água e conservá-la no ambiente, sem erosão. O equilíbrio do sistema fornece condições de grande incorporação de carbono e produção de oxigênio. “O agricultor precisa de menos mão de obra, tem conforto térmico e a produção de alimentos diversos, saudáveis em um mesmo espaço, sem usar agroquímicos e tóxicos. Além disso, constrói um sistema sinérgico, sintrópico, cooperativo, integrado com a natureza”.
O desafio é entender a forma de ação da natureza e usar estas ações e reações para potencializar os agroecossistemas com foco na produção de alimentos e outros produtos de interesse.

Para o secretário da Agricultura Adair Pedro Groders, a produção de alimentos e principalmente sem agrotóxicos traz uma nova fonte de renda, mais saúde ao produtor e aos consumidores. “Precisamos repensar a forma de produzir e cuidar da natureza”, aponta.

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