“Se tivessem permanecido em liberdade, esse corpo poderia nunca mais ter sido encontrado”, diz delegada sobre caso Paula Portes

Investigações apontam que cadáver foi movimentado de lugar durante as buscas.


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Paula Chaiane Perin (Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação)
Paula Chaiane Perin (Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação)

Quatro dias após a localização do corpo de Paula Chaiane Perin Portes (18), a Polícia Civil de Soledade segue trabalhando na investigação do crime que movimentou o Alto da Serra do Botucaraí. O cadáver foi localizado no início da madrugada desta segunda-feira (17) em um ponto de difícil acesso, na localidade de Rincão do Bugre. Ele estava enterrado, com pedras em cima e em bom estado de conservação.

Delegada regional de Soledade, Fabiane Bittencourt (Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação)

Conforme a delegada regional de Soledade, Fabiane Bittencourt, a Polícia Civil já trabalhava com a possibilidade de Paula estar naquela região. Inclusive, as equipes chegaram a realizar buscas nas proximidades durante a semana anterior. No entanto, o indicativo da possível localização exata do corpo chegou ainda durante o domingo (16).

“Muitas pessoas nos questionaram o porquê não fizemos as buscas durante o dia. Mas não, a gente não quis esperar mais nem um dia para localizar a Paula. Nós fomos na noite mesmo, no momento em que conseguimos esse indicativo. Tão logo a gente teve essa informação, já mobilizamos as equipes. Um dia poderia fazer muita diferença”, conta.

Provas concretas apontam também que o corpo foi modificado de local durante as investigações. Segundo a delegada, as informações indicam que ele estava em um dos primeiros pontos diligenciados pelas equipes de buscas. “Este primeiro local fica cerca de cinco a sete quilômetros do ponto em que localizamos ele (o corpo) agora na última semana. Inclusive, essa foi uma das razões que motivou a gente a decretar as prisões dos investigados. O corpo já havia sido movimentado uma vez, então existia um indicativo de que ele pudesse ser novamente modificado ou até destruído. Tenho convicção que se tivessem permanecido em liberdade, esse corpo poderia nunca mais ter sido encontrado”, aponta Fabiane.

Para ela, o fato do corpo estar em bom estado não significa que a morte tenha ocorrido após o desaparecimento. “Foi muito importante localizar o corpo naquele estado. Pra gente foi até uma surpresa. Claro, o fato dele estar acondicionado em um saco plástico, com as vestes e o local em que foi dispensado contribuíram para a conservação. Mas nós temos todos os indicativos de que a Paula foi morta no dia anterior ao desaparecimento. Ela já saiu do local muito provavelmente sem vida”, explica.

Resultados preliminares da necropsia no pulmão de Paula apontam que ela morreu por asfixia, causada por um golpe de mata leão. Os exames também indicaram que a vítima não apresentava nenhuma outra lesão no corpo e não tinha nenhum osso quebrado. Para a delegada, o resultado foi a confirmação de provas que já haviam sido construídas na investigação. A polícia aguarda ainda o parecer de laudos toxicológicos, de alcoolemia e de violência sexual, que devem ser concluídos em 30 dias.

Ao ser questionada sobre o comportamento da família de Paula durante os 67 dias de buscas, Fabiane informou que eles estiveram diretamente envolvidos nos trabalhos da investigação, por meio de dois advogados que representavam o pai e a mãe dela. “Assim como a população leva informações para a polícia, eles também levam para a família e é muito importante que isso chegue até nós. Então esse contato muito próximo acabou auxiliando na investigação e ainda trouxe um certo conforto para a família, pois eles sabiam que a gente estava empenhado nas buscas e estava fazendo o melhor possível para que o corpo fosse localizado”, relatou.

A bolsa de Paula foi encontrada uma semana antes da localização do corpo. Para a polícia, a localização dos pertences já havia sido considerada uma grande vitória dentro da investigação, pois apresentava indicativos da materialidade de um crime de um homicídio. “A gente acredita que a bolsa tenha sido descartada depois do primeiro local em que el (a Paula) foi enterrada. Eles mataram, carregaram, desovaram o corpo e de repente se viram com aquela bolsa e não tinham o que fazer. Acabaram atirando ela em um açude que fica muito próximo da casa de todos os investigados, cerca de 500 ou 600 metros. Então isso indica que acabaram descartando ela no ímpeto de se desfazer de algo que pudesse incriminar eles”, afirma.

Para a polícia, Paula foi executada pois tinha alguma informação que pudesse incriminar os envolvidos. “A gente não conseguiu ainda identificar o que de tão grave ela sabia que pudesse ocasionar a sua morte”, pontua a delegada. Segundo ela, quatro pessoas que tiveram participação no crime já foram identificadas, mas apenas três delas permanecem presas. Entre os presos, está o articulador de toda a ação criminosa, que é considerado um dos líderes da facção “Os Manos” em Soledade.

O quarto elemento, identificado como Micael Willian Rossi Ortiz (22), é considerado um dos principais investigados e segue foragido. Foi Ortiz quem simulou o interesse em manter algum vínculo afetivo com Paula e atraiu ela até o local do crime. Além disso, ele também atuou ativamente na morte e um dos executores do golpe de mata leão que vitimou a jovem. “Nós temos a convicção de que podemos localizar ele. A gente gostaria muito de prender o Micael para que seja responsabilizado por esta crueldade que cometeu”, garante Fabiane.

Texto: Artur Dullius
am950@independente.com.br


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