Sequência de desavenças teria motivado assassinato de gerente de Anta Gorda

Suspeito do crime, preso na manhã desta quarta-feira (23), tinha uma relação de “irmandade” e de vizinhança com Jacir Potrich (55), desaparecido desde 13 de novembro do ano passado.


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Polícia Civil detalhou investigações em coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira (Foto: Artur Dullius)

Após a prisão preventiva de Carlos Alberto Weber Patussi (52), dentista, amigo e vizinho de Jacir Potrich (55), desaparecido desde 13 de novembro do ano passado, o delegado responsável pelo caso, Guilherme Pacífico da Silva, concedeu uma entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (23) na Câmara de Vereadores de Anta Gorda. Suspeito do assassinato, Patussi foi preso na manhã de hoje em seu apartamento em Capão da Canoa, no Litoral Norte, através da Operação “Gerente AG”. Ele foi encaminhado à delegacia e deve dar entrada no sistema prisional nas próximas horas.

Potrich está desaparecido há mais de dois meses (Foto: Arquivo Pessoal)

O caso chocou Anta Gorda e a comunidade do Vale do Taquari nos últimos meses. Há 15 anos não era registrado um homicídio na cidade de cerca de seis mil habitantes. Até o momento, o corpo da vítima não foi localizado, mas Silva disse que este é o compromisso da polícia a partir de agora. O delegado descartou a ocultação do corpo em um tonel, o que estava sendo ventilado de forma informal. O capitão do Corpo de Bombeiros de Santa Cruz do Sul, Mateus Scremim, que lidera os trabalhos de buscas pelo corpo, alertou que serão necessárias novas buscas em locais já analisados pelos órgãos responsáveis.

Potrich e Patussi eram amigos e vizinhos do mesmo condomínio em Anta Gorda e mantinham uma “relação de irmandade”, nas palavras do delegado. Assim, a polícia trata o caso como crime passional.

Patussi não teria prestado, até a tarde desta quarta-feira, depoimento para a polícia e, segundo o delegado, foi orientado pelo advogado a falar apenas em juízo. De acordo com a Polícia Civil, o suspeito não apresentou nenhuma resistência à prisão. Apenas negou ser o autor do homicídio e apresentou um “sentimento de indiferença”.

VÍDEO: Após ser preso, suspeito chega à delegacia

Pelo tempo de duração das investigações, o resultado será um inquérito robusto. Conforme o delegado, algumas questões do caso ainda não foram esclarecidas e fazem parte do trabalho de investigação da polícia para que o processo seja concluído. A polícia afirmou que está descartada a possibilidade de envolvimento de uma terceira pessoa no primeiro crime, que seria a morte do gerente. Porém, ainda é apurada a possibilidade de participação de outras pessoas no segundo crime, atrelado à ocultação de cadáver.

O crime

Segundo o delegado, a investigação indica que o crime durou cerca de 30 minutos, entre as 19h30 e as 20h do dia 13 de novembro de 2018, quando Potrich desapareceu. O suspeito teria cometido o crime no quiosque do condomínio, ato que deu fim a uma sequência de desavenças entre os dois vizinhos. Conforme as imagens analisadas pela polícia, o suspeito foi até o quiosque onde estava Potrich e retornou do local de forma aparentemente nervosa. Subiu no telhado de sua residência e ficou “analisando alguma coisa”. Depois de alguns minutos, retornou ao quiosque. No trajeto, foi até uma sala onde são guardados materiais de limpeza e voltou com uma vassoura, usando o objeto para levantar as câmeras de segurança do local.

Tempo depois, a esposa de Patussi deixou o condomínio e, a partir daí, Potrich não foi mais visto. “Acontecido isso, o suspeito teria toda a noite para se livrar do corpo”, pondera o delegado, que não afirma ser um crime premeditado, mesmo que o caso aponte para isso. Ainda nesta quarta-feira (23), a polícia deu sequência às investigações com perícias e diligências para localizar o corpo.

Relação de amizade e investigação

Segundo o delegado, Patussi e Potrich eram muito próximos, construíram um condomínio juntos e faziam diversas atividades de lazer, incluindo programações com suas famílias. Silva relatou que o crime foi motivado por diversas desavenças entre os amigos, incluindo uma mudança de endereço da agência Sicredi na cidade. “O prédio era de Patussi, mas Potrich alugou outro local e não avisou o amigo, o que gerou desentendimento entre os vizinhos e, a partir disso, acabaram se afastando, fazendo com que qualquer situação virasse uma desavença”, disse o delegado.

VÍDEO: Polícia faz buscas em condomínio

O caso começou a ser investigado após a polícia receber informações das imagens das câmeras de monitoramento do condomínio. “Realizamos várias frentes de buscas e diligências, desde o primeiro dia surgiram informações. Mais de 60 pessoas foram entrevistadas, entre amigos, familiares, comunidade e clientes do banco”, relata o delegado.

A primeira linha de investigação foi tratada como a possibilidade de sequestro do gerente. Depois, algo de natureza, como um mal-estar, perda de memória ou suicídio. Depois de afastadas as possibilidades, foram analisadas todas as imagens das câmeras de forma detalhada. “Anta Gorda não tem câmeras públicas, o que dificultou um pouco o trabalho inicial da polícia”, coloca o delegado. Após a análise das câmeras dos condomínios, foi visto que em determinado momento fica comprovado que Potrich e o vizinho estiveram no mesmo local, ou seja, no quiosque da propriedade.

Segundo a polícia, a população de Anta Gorda ajudou com informações durante as investigações. “Nosso trabalho é esgotar todas as possibilidades, principalmente no perímetro próximo do local para que possamos localizar o corpo. Foi esvaziado açude e percorrido os locais com cães de faro”. Ele ainda reforça que não há como afirmar, no momento, que foi um crime premeditado. “Não temos nenhum sentimento de amor ou ódio com o investigado. Só temos o comprometimento de apontar a verdade. Se, ao final, ficar claro que não houve a intenção de chegar naquele resultado, todas as respostas serão reveladas. Nosso dever é apresentar os fatos e isso ainda faz parte do universo de investigação”, explica. GH/CP/AD

VÍDEO: Suspeito sendo conduzido da delegacia

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