Não é de hoje que os acontecimentos tristes recebem muito mais audiência do que os felizes. As dores alheias têm a capacidade de promover identificações, assim, a dor do outro faz lembrar as minhas. Então se as alegrias nos aproximam enquanto humanidade, as dores fazem isso em um nível exponencialmente maior, elas nos colam uns aos outros, e trazem consigo grandes oportunidades de aprendizado e de desenvolvimento de tendências altruístas.
Na série Maid, que está disponível na Netflix, uma mulher em sofrimento deixa o marido e vai embora com a filha em busca de uma vida melhor para ambas. Ela passa por tantas dificuldades em sua jornada que o espectador consegue experimentar suas angústias. Ouvi relatos de algumas pessoas que não conseguiram assistir aos episódios, tamanha a dificuldade de lidar com o sofrimento das personagens.
A história toda suscita uma série de reflexões. E uma das principais, para mim, diz respeito à importância de uma ajuda, por vezes mínima, a alguém necessitado: uma refeição, uma carona, um pouco de atenção, um carinho. Quando as dificuldades se abatem sobre alguém, qualquer atitude que possa minimizar as aflições ganha valor imensurável.
Você já parou pra pensar quantas vezes a correria do cotidiano nos impede de olhar ao redor e perceber essas oportunidades de ajudar quem precisa? Quando vivemos isolados em nossas casas, nossos carros e nossos trabalhos, perdemos ótimas ocasiões de exercitar nossa bondade, que pode acabar ficando atrofiada.
Albert Schweitzer tem uma frase que diz: “A quem o sofrimento pessoal é poupado, deve sentir-se chamado a diminuir o sofrimento dos outros”.