Tesouro medieval comprado por nazistas vira disputa na Suprema Corte dos EUA

Justiça norte-americana analisa o destino do Tesouro dos Guelfos; coleção foi adquirida durante o regime nazista e descendentes de mercadores de arte judeus contestam a legitimidade da transação.


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Altar da Condessa Gertrude, parte do Tesouro de Guelfos, disputado na Justiça dos EUA (Foto: Wikimedia Commons)

A Suprema Corte dos Estados Unidos começou a analisar nesta segunda-feira (7), o caso do Tesouro dos Guelfos, uma série de artefatos religiosos medievais que descendentes de mercadores de arte judeus afirmam ter sido ilegalmente apropriada pelos nazistas, na Alemanha.

São cruzes de ouro, joias e outras obras religiosas dos séculos XI e XIV, que estão expostas no Museu de Artes Decorativas de Berlim. A mais alta corte americana deve determinar se o caso, que há tempos se arrasta no país, pode ser levado adiante (entenda mais abaixo porque o caso é julgado nos EUA).

Um caso alemão nos EUA

Hermann Parzinger, presidente da Fundação do Patrimônio Cultural Prussiano – que administra o Museu de Artes Decorativas de Berlim – argumenta que a ação tomada pelos herdeiros dos merchants, na Justiça norte-americana, não tem fundamentos.

“Nossa opinião é que a Alemanha é a jurisdição adequada para um caso que envolve a venda de uma coleção de arte medieval alemã por negociantes de arte alemães para um estado alemão”, disse Parzinger em um comunicado.

Em um pedido apresentado antes da sessão, a Alemanha destacou que leva esse tipo de reivindicação a sério.

“O governo alemão forneceu cerca de US$ 100 bilhões (cerca de R$ 510 bilhões, em valores atuais) para compensar os sobreviventes do Holocausto e outras vítimas da era nazista”, afirma o comunicado.

Segundo nota do governo, uma vez que a venda ocorreu entre alemães, em solo alemão, apenas os tribunais alemães poderiam decidir neste caso. Decidir de outra forma, diz o comunicado, “terá graves consequências de política externa”.

“Se abre um caminho para uma série de ações judiciais contra soberanos estrangeiros por seus atos domésticos soberanos – e isso pode levar outras nações a retribuir, forçando os EUA a defender ações semelhantes”, conclui o documento.

Fonte: G1

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