“Tirar a vida de alguém é a última circunstância, mas quando um policial é atacado como foi, não há como ser diferente”, diz oficial da PRF

Superintendente-executivo da Polícia Rodoviária Federal falou sobre o caso ocorrido na BR-386, em Lajeado


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Foto: Artur Dullius

Na noite desta quinta-feira (18), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) falou sobre o caso do tratorista morto em uma abordagem policial na BR-386, em Lajeado. O caso aconteceu na tarde da terça-feira (2), junto ao Bairro Bom Pastor, e resultou na morte de Marco Antônio Blau (45). Conforme o superintendente da PRF, Leandro Wachholz, o disparo da arma de fogo na direção de Blau foi a última alternativa do agente federal.

“Quando o nosso policial atira, é o último recurso que ele tem. E nesse caso, ele não tinha outro recurso no entendimento que nós temos. Não existia mais outra circunstância ou outra maneira de agir. Foi, na visão que nos temos, a maneira correta. Tirar a vida de alguém é a última circunstância, mas quando um policial é atacado como foi, não há como ser diferente”, explica.

Leandro Wachholz (Foto: Divulgação)

Segundo ele, a ocorrência iniciou a partir do momento em que a Unidade Operacional de Lajeado recebeu uma denúncia, com informações que o indivíduo estava na eminência de agredir a sua irmã, tentando matá-la. Os agentes foram ao encontro dele e se depararam com esse cidadão em cima do trator. Numa primeira tentativa de abordagem, ele se recusou e continuou circulando com o trator pela rodovia. “A maneira que os agentes entenderam como viável para evitar que esse indivíduo colocasse em jogo a integridade de outro, trafegando daquela maneira com o trator, foi atirar no pneu e no radiador do veículo, o que está comprovado pela perícia”, disse.

Wachholz citou também o vídeo que circulou pelas redes sociais e mostra os policiais atirando enquanto o cidadão ainda estava no trator. Segundo ele, as imagens geraram muitas dúvidas na população, mas não refletem no momento dos disparos que atingiram fatalmente esse cidadão. “Quando o cidadão parou o trator, cessou então esse vídeo”, pontua.

SAIBA TAMBÉM

Neste momento, conforme explica o superintendente da PRF, os agentes tentaram tirar o Blau do trator. “Ele se recusou e, com um facão em mão, tentou agredir o policial. O agente, com um pedaço de madeira, bateu no braço do senhor e o facão caiu. Ele então pegou esse facão e mais um e veio novamente para cima dos policias. Não restou outra alternativa se não os policiais agirem daquele jeito”, esclarece.

Leandro explicou também que todo agente é treinado, capacitado e recebe as instruções adequadas. “A vida de qualquer pessoa a gente busca preservar, isso é um mantra pra nós”, declara. No entanto, ele lembra que em algumas situações ficam entre a vida do policial e a vida de um terceiro. “Este terceiro que está nos agredindo. Nesta circunstância, tenta-se ao máximo usar os meios menos letais e se faz isso até que se esgote todas as possibilidades. Não havendo um cessar das agressões, nós utilizamos a arma de fogo”, reforça.

Ao ser questionado, Wachholz disse que só a perícia e a necropsia podem apontar exatamente em qual região do corpo Blau foi atingido. Mas explica que foi realizado um primeiro disparo no tronco do cidadão e não houve o cessar da agressão, então, em seguida, o agente declarou ter atingido a cabeça dele.

Por fim, ele falou também sobre o posicionamento da PRF frente a esta situação. “Todos os órgãos públicos precisam se comunicar com a sociedade e a imprensa é o veículo adequado para essa comunicação. Acontece que a imprensa precisa passar a informação certa e essa informação correta parte de um informe verdadeiro e correto dos órgão públicos. Nós não tínhamos todos os dados para repassar à imprensa com certeza e convicção naquele momento . Não queríamos, de forma alguma, informar alguma coisa errada e depois ter que retificar, para evitar perda de credibilidade. Até podemos errar, mas sempre vamos informar com certeza e convicção do que estamos fazendo. Não vamos passar uma informação falsa ou algum dado que não seja correto, por isso levamos esse tempo para se pronunciar”, concluiu, se referindo à noite emitida na noite daquela terça-feira.

Texto: Artur Dullius
am950@independente.com.br

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