“Um dos caminhos para a alimentação é a produção de proteína alternativa a partir dos insetos”, afirma engenheira de alimentos

“Quando você cria um inseto em ambiente fechado e controlado, o que ele está comendo você está controlando, e ele não tem tanto perigo assim”, garante Neila Richards


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Neila Richards em entrevista ao Troca de Ideias (Foto: Maria Eduarda Ferrari)

A 4ª Jornada Técnica do Setor Alimentício (AlimentaAção) iniciou na terça-feira (26) e se estende até sexta-feira (29) no Clube Tiro e Caça (CTC), em Lajeado. Um dos destaques da programação desta quarta-feira (27) foi o workshop sobre a agenda 2020-2030 da ONU e a a indústria de alimentos, com a engenheira de alimentos e pesquisadora Neila Richards.

Após a sua fala, ela conversou com os apresentadores do Troca de Ideias, programa que foi transmitido direto do evento. Ela explicou que essa agenda nasceu ainda na década de 1990, dentro do contexto de preocupações com mudanças climáticas, erradicação da forme e na promoção da saúde e do bem-estar da população, com produção sustentável. “Essa agenda 2030 vem para a gente conseguir ter um mundo melhor”, destaca.


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No Brasil, a pesquisadora afirma que “nós temos capacidade de produção”. “O nosso maior problema, onde esbarra e é o nosso gargalo, é a distribuição e as políticas públicas que muitas vezes não conseguem atingir as pessoas que mais precisam da alimentação”, avalia. Apesar disso, Neila afirma que o Vale do Taquari, chamado de “Vale dos Alimentos”, está adiantado em relação a outras regiões do Brasil.

Questionada sobre o futuro da alimentação, ela diz o cenário está mudando e se moldando dependendo da população. A engenheira cita impressoras 3d para alimentos e insetos como proteínas alternativas. Neila lembra, por exemplo, que a Comunidade Europeia já liberou a larva da farinha para ser consumida por humanos (antes era só para animais).

“Eu sei que parece meio nojento, mas quando eles estão moidinhos e misturados, não dá nem para perceber”, comenta, ao tentar desmistificar. Conforme ela, “é uma proteína alternativa e a ONU está dando muita ênfase para a criação e produção segura de insetos”.

Neila explica porque um trabalho concentrado proporciona segurança. “Uma coisa é você pegar um gafanhoto na natureza e comer. Muitas vezes ele esteve em uma lavoura que foi aplicado algum tipo de herbicida. Isso é uma coisa. Agora, quando você cria um inseto em ambiente fechado e controlado, o que ele está comendo você está controlando e ele não tem tanto perigo assim”, garante.

“Ciclo de produção muito rápido e uma área pequena, se consegue produzir toneladas de insetos. No Brasil, no norte e nordeste, se tem o hábito de comer formiga na forma de farinha ou petisco assado. Agora só falta difundir”, pondera. “Um dos caminhos para a alimentação é a produção de proteína alternativa a partir dos insetos”, afirma.

Texto: Tiago Silva
web@independente.com.br

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