Você acredita que o sentimento de gratidão por alguém tem prazo de validade?

Médico calcula que esse sentimento teria um prazo de validade de cerca de cinco anos.


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Foto: Ilustrativa

Quem nunca ouviu promessas do tipo “Enquanto eu viver, vou agradecer todos os dias pela sua ajuda”; “Você estará para sempre nas minhas orações”. Expressões desse tipo mostram o desejo que a pessoa tem de perpetuar essa gratidão. O passar dos anos não deverá interferir nesse sentimento. Mas o médico J.J Camargo acredita que, se nenhum fato novo atualiza a memória da pessoa que prometeu ser agradecida para a vida inteira, a gratidão vai diminuindo cerca de 20% por ano. Pensando assim, esse sentimento teria um prazo de validade de cerca de cinco anos. Depois disso, a pessoa lembraria esporadicamente dos benefícios recebidos. Até aí, tudo bem. Intrigante é quando a pessoa passa a, como diz um antigo dito popular, “cuspir no prato que comeu”, quando a pessoa que foi ajudada se volta contra aquele que lhe estendeu a mão no passado.


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Nesse sentido, J.J. Camargo conta a história da paciente Eulália, uma senhora que ele atendera certa vez. Tudo começou no dia em que o médico encontrou a mulher num serviço de emergência. Eulália havia sofrido um acidente e, por conta disso, recebera traqueostomia, que consiste na abertura de um orifício na traqueia e na colocação de uma cânula para passagem de ar. J.J. Camargo sentiu compaixão e explicou à senhora que poderia ser realizada uma cirurgia de reparo, o que melhoraria e muito a sua qualidade de vida. Dia depois, procedimento feito, tudo funcionando muito bem, Eulália ganhou alta. Antes de sair, jurou gratidão até o fim dos seus dias. Parecia muito feliz. Afinal, agora respirava normalmente, o buraco da traqueostomia tinha sido fechado e ela tinha voltado a falar. Emocionada, antes de ir embora, chegou a beijar a mãos do médico.

Para sua surpresa, oito meses depois, o médico recebera uma intimação para depor numa audiência em que uma paciente pedia uma indenização por danos morais. Sim, J.J. Camargo estava sendo processado. A mulher reclamava reparo porque agora tinha uma voz rouca. Na audiência, diante do juiz, o advogado teria lido o texto enquanto que Eulália olhava para o chão. Quem sabe, de vergonha!

Dirce Becker Delwing, jornalista, psicóloga e psicanalista clínica

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