Você conhece suas fraquezas? Você sabe do que tem medo?

Além do medo real diante de um perigo, existe também o medo emocional: insegurança, incapacidade, inferioridade e desprezo...


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Por que fazemos uma expressão própria, arregalamos os olhos e ficamos de boca aberta, quando estamos em situações de medo extremo? No século dezenove, a face ou cara de medo se tornou motivo de discussão. Alguns diziam que Deus deu a todas as pessoas uma maneira para que outras soubessem que estavam com medo caso não falassem a mesma língua. Por outro lado, o cientista Charles Darwin, autor da teoria da evolução das espécies, argumentou que tal expressão facial é o resultado de um endurecimento instintivo dos músculos, servindo como uma resposta ao medo.

Para provar o seu pensamento, foi à seção de répteis do zoológico de Londres. Tentando permanecer totalmente calmo, ficou bem próximo do vidro enquanto que, do outro lado, uma víbora disparava em sua direção. Em todas as tentativas, ele fez aquela cara – cara de medo – e pulou para trás. Então, em seu diário, escreveu:

“…minha força de vontade e razão estavam impotentes contra a imaginação de um perigo pelo qual jamais havia passado”.

Ao analisar seu comportamento, Darwin concluiu que o medo é uma emoção universal e extremamente importante para nossa sobrevivência. Contudo, além do medo real diante de um perigo, existe também o medo emocional, ao qual eu vou me ater nas reflexões seguintes. Os medos emocionais despertam insegurança, e, quase sempre, estão relacionados a um sentimento de incapacidade, inferioridade e desprezo. Nesse sentido, falar em público é um dos grandes receios da humanidade, ganhando inclusive para o medo de ter problemas financeiros, ou o medo de adoecer. Diante disso, é possível considerar que o medo mais profundo do ser humano está no fato de pensar que poderá ser rejeitado pelo outro. Se eu não me sair bem na hora de me comunicar em público, poderei perder a admiração das pessoas e corro o risco de ser abandonado.

Alguns medos estão fundamentados em vivências que acontecem na infância. Por isso, a pessoa precisa reconhecer onde estão as suas fragilidades, o que há dentro daquilo que a assusta ou apavora. Assim, poderá lidar melhor com situações em que precisará resgatar a porção mais íntima de coragem que guarda em si. Nem sempre, esse caminho de autoconhecimento é possível de ser feito sem a ajuda de um psicoterapeuta.

Encerro com uma colocação de Maria Ester de Freitas, no artigo “Radiografia de Medos”, onde ela diz que conhecer os medos talvez seja um ato corajoso, respeitá-los talvez seja sábio e superá-los talvez seja glorioso.

Texto por Dirce Becker Delwing, jornalista, psicóloga e psicanalista clínica


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